domingo, 30 de agosto de 2009

Na Teoria, revolução anarco-capitalista ...

já na prática ...

Na concepção de pessoas adeptas de alguma vertente do liberalismo, o Estado nada mais é do que ente prestador de serviços relacionados à defesa da propriedade e à coerção para que contratos firmados sejam cumpridos, e não um ente destinado a distribuir renda e riqueza aos marginalizados pela economia de mercado. Muito menos ainda, um ente cuja existência deva durar apenas enquanto o sistema estiver em transição para o socialismo.

A diferença de concepção de Estado entre liberais das mais diversas vertentes está em que áreas fundamentais essa prestação de serviços por parte do Estado deve ser mantida. Em linhas gerais, para parte dos adeptos dessas vertentes ao Estado caberiam as funções nas quais sairia custoso, em termos de cálculo de custo e benefício, eles próprios arcarem como serviços privados. Dentre essas funções a serem assumidas pelo Estado constariam também aquelas em que haja a necessidade de um ente teoricamente neutro para arbitrar conflitos, cobrar e arrecadar tributos, além de outras funções consideradas – por eles próprios - típicas do Estado.

Existem também alguns liberais, vistos como traidores por alguns de seus pares, que defendem a atuação do Estado no subsídio a certas atividades econômicas de grandes grupos econômicos (nacionais e transnacionais), e na concessão de algumas poucas migalhas aos muito pobres, principalmente em ocasiões próximas a eleições, a fim de permanecerem no poder. Aliás, estes tem sido, no mundo real, os que prevalecem e, curiosamente, é para muitos desses liberais pragmáticos que muitos liberais e anarcocapitalistas ortodoxos (muitas vezes essencialmente teóricos) trabalham.

No entanto, quando estes últimos se manifestam por diversos espaços cibernéticos (vide comunidade de Economia Brasileira, no Orkut, onde o domínio da comunidade por parte desses grupos é quase que total) a fim de converter novos adeptos ao seu pensamento político e econômico, fazem-no ocultando seus vínculos no mundo real e com muita raiva dos que se lhe opõem, além de posarem de revolucionários determinados a destruir o maldito Leviatã (o Estado), e a subverter o próprio sistema que os favorece. Para esses crentes na existência de um Único Caminho, uma Única Verdade, e de uma Única Possibilidade de sobrevivência do Homo sapiens sobre o planeta Terra (qual seja, o do aprofundamento das reformas (neo)liberais pelo mundo), o Estado é considerado um ente ladrão e coercitivo quando lhes cobra tributos.

E nem pense em atribuir a esse ignóbil e monstruoso ente o caráter de injusto e desumano quando usa de coerção para suprimir a possibilidade de subsistência de seres humanos excluídos pelo sistema, nem quando o faz para exigir o cumprimento rigoroso de contratos firmados entre partes, independentemente do que isso signifique em termos de preservação da vida e da dignidade humanas, pois certamente será chamado de idiota ou outros termos ofensivos por dezenas de rapazes e moças presentes no mundo cibernético, tal como a referida comunidade de Economia do Orkut, a qual possui atualmente cerca de 14.000 membros e, contraditoriamente às defesas apaixonadas de teses (neo)liberais e anarcocapitalistas dominantes em seus tópicos e posts, exibe como imagem oficial a do saudoso (e não liberal nem tampouco anarcocapitalista) economista Celso Furtado.



Observação: este artigo é uma adaptação de um "post" que escrevi em uma comunidade cibernética de discussão - comumente chamada de site de relacionamento -, o qual foi sendo lapidado aos poucos até chegar a sua versão atual.