sábado, 23 de outubro de 2010

Alienação e estupidez mental - 1

É revoltante vermos jovens, adultos e até idosos querendo arrebentar a cabeça de algum outro semelhante simplesmente porque trata-se de um torcedor de time de futebol adversário, com camisa contendo escudo diferente de seu próprio time, e por vezes cores e design diferentes. Como se não bastasse a própria estupidez da violência, em si, praticada por hordas criminosas idiotizadas e inconscientes dos verdadeiros porquês de seus dramas pessoais,  acrescenta-se a essa estupidez o motivo fútil.

O conceito de alienação foi pensado e exposto por diversos filósofos, entre os quais consta Karl Marx, que lhe deu um significado próprio relacionado ao não desfrute, por parte dos que dependem do trabalho para sobreviver, da maior parte dos bens e serviços os quais produzem, e que pertencem aos detentores do capital. Considerou isso como uma alienação da mercadoria pelo detentor do capital com relação aos que a produziram.

Marx defendia que o determinante fundamental do valor de uma mercadoria, ou mesmo de uma prestação de serviço, era a quantidade de trabalho contida em ambos e que é apropriada pelo empreendedor e investidor [1] (o detentor do capital), em contraposição, por exemplo, a Adam Smith, que considerava este valor como um conjunto de preços - digamos assim - que a compunham (salário, lucro e aluguel da terra, por exemplo) [2]

A esse significado do termo foi acrescentado o de alienação no sentido de o ser que depende do trabalho para subsistir alienar-se com relação a sua própria condição dentro do sistema capitalista, envolvido em atividades de entretenimento propositalmente ou não criadas pelos "gerentes do sistema" para este fim, ou simplesmente criadas para a geração de lucro, e que aleatoriamente funcionam como instrumentos de alienação.

Uma dessas atividades de entretenimento no Brasil é o futebol e o ato de torcer por um time com o qual o torcedor se identifica, no qual deposita sua confiança de vitória a cada adversário que enfrenta. Tal identificação muita vez se reveste de sentimento e significado inconscientes que parecem extravazar-se, como uma espécie de catarse[3], sempre que o time para o qual se torce vence ou, pelo menos, empata uma partida, expelindo, mesmo que por alguns minutos ou horas, as mais diversas frustrações e fracassos vivenciados sob um sistema de exclusão e de transformação do ser humano em um lixo ambulante não-reciclável. 

Se, no entanto, o time para o qual se torce empata e este empate é ruim para a colocação do mesmo em uma dada competição, ou, pior ainda, é derrotado, ao invés da catarse momentânea emergem sentimentos reprimidos e depositados ao longo do tempo no chamado ego inconsciente[4], os quais se manifestam através da violência de expressões, palavras ou atos dirigidos  a algum semelhante, por vezes da mesma classe social e que compartilha das mesmas frustrações (desemprego, subemprego, discriminações no mercado de trabalho, e muitas outras) causadas pelo sistema de exclusão e de extração da mais-valia dos que dependem do trabalho para sobreviver, caracterizando-se como pura alienação e estupidez mental.

Não há perspectiva de que a maior parte dos miseráveis, dos pobres e dos que estão (atente para o significado transitório deste verbo) na classe média alienados conscientizem-se de sua real condição no sistema neoliberal, e canalizem suas energias para a oposição obstinada a esse sistema, em vez de se agredirem e até se matarem por motivos fúteis.



Abaixo constam alguns links e títulos de livros que dão sustentação teórica ao pensamento exposto neste artigo, e que no texto constam como números entre colchetes e em vermelho.

O conceito de alienação 

[1] - Leia o trecho abaixo e a íntegra do texto acessando o link subsequente (copyright Klepsidra - Revista Virtual de História, texto de Carlos Ignácio Pinto).

"Portanto, um dos determinantes do valor da mercadoria é o trabalho despendido em sua fabricação. Assim sendo, o trabalho não possui a característica de ser reconhecido na compra da mercadoria, porem, no valor da mesma. O trabalho despendido desta forma, tornou-se valor agregado, passando ao aspecto de "venda" da mão de obra, sem a interligação do trabalhador e o produto, surgindo neste meio, o proprietário dos meios de produção. O trabalho tornou-se uma mercadoria, a partir do momento que o trabalhador a vende como única fonte de sua sobrevivência." 

O Trabalho em Marx 

[2] - História do Pensamento Econômico, de E. K. Hunt , editora Campus, 4ª edição 


[3] - Leia sobre o conceito de catarse acessando o link abaixo ou digitando-o em um site de busca.

O conceito de catarse


[4] - Leia sobre o conceito de ego inconsciente ou ego recalcado acessando o link abaixo ou digitando-o em um site de busca.

O conceito de ego recalcado 



segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Cresce a bancada dos empresários na Câmara

A muito boa página do DIAP (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar) nos informa que houve um crescimento da bancada defensora dos interesses empresariais na Câmara Federal, o que significa uma má notícia para muitos dos que dependem do trabalho para subsistir e necessitam de proteção contra a chamada demissão arbitrária - contemplada na Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho e ainda não devidamente votada e regulamentada pelo Congresso Nacional - e da redução da jornada de trabalho para disporem de mais tempo para si e para seus entes queridos, entre outros direitos trabalhistas.

Quem se der ao trabalho de observar em quais partidos se abrigam tais representantes dos empresários, banqueiros, agroindustriais e profissionais liberais que os defendem, perceberá que em tais partidos constam nomes que, pelo menos do ponto de vista teórico - em razão  do que significaram ou ainda significam seus nomes - deveriam estar do lado dos que dependem do trabalho para a sobrevivência, e também dos pobres e miseráveis deste País aos quais é negado um trabalho digno e com proteção na legislação trabalhista.

Como prova de que grande parte dos partidos políticos no Brasil só dispõem de uma sigla e de um nome que nada significam, temos, por exemplo, a eleição de Armando Monteiro Neto, do (prestem atenção) PTB - Partido Trabalhista (Trabalhista?!) Brasileiro, para o Senado Federal, o qual é ligado à CNI - Conferência Nacional da Indústria - entidade que defende essencialmente os interesses de empresários -, e que se destacou na oposição à aprovação pelo Câmara Federal da PEC (Proposta de Emenda Constitucional) da redução da jornada de trabalho (PEC 231/95), além de ter contribuído para que a aplicação da Convenção 158, da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil, não lograsse êxito em sua tramitação.

Quem quiser ler mais sobre este tema e conhecer outros nomes que representarão os empresários na Câmara dos Deputados acesse o link abaixo para a página do DIAP (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar).

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sábado, 9 de outubro de 2010

Kassab fecha albergues e lota as ruas de São Paulo

Lembro-me muito bem que houve um aumento exponencial no número de moradores e moradoras de rua na cidade de São Paulo no início dos anos de 1990, pouco depois de Fernando Collor de Mello ter iniciado as primeiras reformas de cunho neoliberal no Brasil. 

Morava em um bairro central e antigo na cidade de São Paulo, não muito distante da Praça da Sé, e até então não havia visto um número tão grande de espoliados pelo sistema de seus meios de subsistência, e igualmente vítimas de relações interpessoais - seja com entes consanguíneos ou não - esgarçadas, por vezes em razão de alcoolismo ou uso de drogas, fixarem "residência" sob viadutos, em calçadas e praças daquelas cercanias, após terem sido expulsos de suas antigas moradias por locadores ou mesmo parentes. Estava ali, a olhos vistos, algumas das primeiras vítimas da implementação da ideologia da exclusão e da transformação de seres humanos em lixo ambulante não-reciclável.

Não há dúvida de que foi e continua sendo uma mistura de Estado omisso para com muitos dos dramas sociais, relações familiares esgarçadas e  uma grande indiferença e desprezo por parte da sociedade pelos moradores e moradoras de rua que contribuiu de forma decisiva para a formação de grande contigente de miseráveis vagando por ruas e avenidas de grandes, médias e até pequenas cidades de nosso País.

Passado algum tempo, com alguns breves interregnos de algum governo com um mínimo de preocupação com os dramas sociais, sob os quais alguns abrigos foram construídos, outros melhorados e o atendimento a essas pessoas minimamente humanizado, retornamos à barbárie exposta sob o governo de Gilberto Kassab, do nada mais nada menos DEM (o partido Democratas, antigo PFL), apoiado pelo PSDB e outros partidos antissociais. 

Para quem leu os parágrafos anteriores e antecipadamente julgou seu autor como mais um comunista espalhando factóides para assombrar eleitores dos Democratas e do PSDB com um mínimo de identificação para com os moradores e moradoras de rua, coloco o link abaixo para a matéria escrita no Estadão on line, site que passa longe de qualquer identificação com os valores socialistas e de esquerda.




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terça-feira, 21 de setembro de 2010

Um severo ajuste fiscal

Fui um eleitor fiel de Luís Inácio Lula da Silva e do PT até 2002, quando, após três eleições perdidas pelo atual presidente,  vi-o ser eleito para - segundo acreditava - iniciar a transformação de um país marcado pela concentração da renda e da riqueza nas mãos de uma elite econômica, mas deixei de fazê-lo no momento em que percebi que o governo do ex-operário sofrido, vindo de Pernambuco, decepcionaria parte de seus eleitores - um pequeno grupo, é verdade, do qual faço parte, mas que lhe fora fiel durante longos anos -, principalmente os que almejavam um governo, no mínimo, de forte orientação social-democrata de vertente trabalhista e socialista,  ao deslocar-se para o centro, chegando a ciscar para a centro-direita em algumas ocasiões.
 
Contudo, ao assistir à entrevista dada pela candidata pelo PT à Presidência da República, Dilma Roussef, a William Wack e Cristiane Pelajo, fiquei indignado ao constatar (mais uma vez) a agressividade de jornalistas e tecnocratas no trato a candidatos que não compartilham com o seu - e das empresas para as quais trabalham - ideário, eivado de forte desejo por "um severo ajuste fiscal", o qual a candidata acertadamente rejeitou - não sei se apenas em termos retóricos, ou como uma convicção ideológica - como sendo, se praticado no Brasil atual, "um crime".

A maldita linguagem econômica e o fato de existirem milhões de brasileiros sem um mínimo de formação educacional, cultural, política e ideológica impedem que estes mesmos milhões, muitos dos quais eleitores ou influenciadores de eleitores, tenham consciência do que pode significar para suas vidas e dignidade - e de seus entes queridos -, um aumento dos investimentos do Estado em infraestrutura (estradas, portos, aeroportos, ferrovias, hidrovias, e outros) em termos percentuais com relação ao PIB, e com recursos retirados (frise-se) dos chamados gastos correntes, bem como por meio de uma diminuição da carga tributária através de cortes em benefícios previdenciários (aposentadorias, pensões e licenças médicas por motivo de saúde, por exemplo), assistenciais (LOAS e Bolsa Família, por exemplo)  e no arrocho dos salários ou na demissão de funcionários públicos - estatutários ou vinculados à CLT -, e é exatamente esse conjunto de medidas perversas que o termo "severo ajuste fiscal", mencionado por William Waack, pode ser traduzido para uma linguagem mais inteligível.

A assistência a jornais televisivos e a leitura de certas revistas semanais nos mostra que a elite econômica deste País, associada a uma classe média profundamente individualista, persistem e persistirão em suas ações de bombardeamento da chamada opinião pública com o fito de convencê-la e atraí-la para seus objetivos, e também em outras ações não acessíveis a grande e esmagadora maioria dos brasileiros, a fim de atingir seus anseios ideológicos, caracterizados pela minimização do Estado nas áreas de previdência, assistência social e gastos com o funcionalismo, entre outros, e - embora não admitam - maximização do referido ente (o Estado) no forte apoio ao capital, seja ele "nacional" ou transnacional .


Quem quiser assistir à entrevista na íntegra, acesse o link abaixo:



terça-feira, 7 de setembro de 2010

Desindustrialização após 1992

Apesar de minhas reservas com relação ao economista Luiz Carlos Bresser-Pereira, especialmente por sua atuação no governo de Fernando Henrique Cardoso,  no qual contribuiu com propostas de reformas neoliberais estando à frente do Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado, concordo com parte do que li em seu artigo, intitulado "Brasil vive desindustrialização", para o qual coloquei um link no final de meu texto.

No artigo em questão, Bresser-Pereira sustenta, entre outras teses, que "O Brasil está se desindustrializando desde 1992", após "acordo com o FMI" , feito em dezembro do ano anterior, no qual constavam exigências de desregulamentação financeira para a entrada de "investimentos" (aspas minhas para contestar o termo) estrangeiros no País, diminuição significativa das tarifas de importação e extinção de diversos impedimentos  não-tarifários para a entrada de produtos estrangeiros na economia nacional.

Em consequência, "a moeda nacional se apreciou, as oportunidades de investimentos lucrativos voltados para a exportação diminuíram, a poupança (interna) caiu, o mercado interno foi inundado por bens importados, e, assim, muitas empresas nacionais eficientes deixaram de crescer ou mesmo quebraram. Estava desencadeada a desindustrialização prematura da economia brasileira".


É surpreendente ler os trechos seguintes escritos por quem apoiou, segundo minha memória que não creio ainda estar falha, os dois governos de Fernando Henrique Cardoso, e somente de uns tempos para cá parece ter se afirmado como um nacional-desenvolvimentista: "Se a desindustrialização é evidente, por que economistas brasileiros insistem em procurar argumentos para negá-la?" Em outro parágrafo, ele mesmo responde: "Porque são ortodoxos, porque pensam de acordo com o Consenso de Washington, e, por isso, apoiam a política macroeconômica instaurada em 1992".

Nesta altura de seu texto, muito provavelmente para não ser enquadrado como um "populista" - termo de significado controverso, quase sempre injustamente atribuído ao pensamento de esquerda brasileiro -, afirma-se um adepto da "responsabilidade fiscal", o que, trocando em miúdos, significa - e este é um dos pontos de seu pensamento com o qual não concordo em alguns de seus aspectos, pois sei o que essa pretensa moderação significa - não compactuar com propostas de distribuição de renda que passem ao largo de uma economia de mercado - apesar de que, no caso de Bresser-Pereira, com algum grau de regulação -, de um crescimento econômico dito sustentável e de gastos com previdência, assistência social e funcionalismo público subordinados a uma real capacidade do Estado para tal, balizadas, por exemplo, por um certo percentual máximo de carga tributária incidente sobre o PIB a ser tolerado pela "sociedade" - na verdade, pela elite econômica.

Por fim, o referido pensador de centro refere-se a necessidade de uma tal poupança interna, que tenderia a desvincular o País da necessidade de poupança externa, formada muita vez por capitais especulativos vindos do exterior. E neste ponto localizo uma possível brecha para a soltura do espírito animal do capitalismo selvagem, manifesto no mundo real através de um Estado dirigido pela elite econômica e fortemente tentado a buscar essa economia e consequente fortalecimento da indústria nacional em cortes de benefícios previdenciários, assistenciais e no salário - ou pior ainda - ou emprego dos funcionários públicos não pertencentes a carreiras ditas essenciais do Estado.






Para quem quiser ler o texto de Luiz Carlos Bresser-Pereira na íntegra, acesse o link abaixo

Um outro texto de Paulo Kliass sobre o mesmo tema
 

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Outro vocábulo, mesma ideologia

Usando um vocabulário novo para uma ideologia já conhecida, o novo premiê britânico, David Cameron, defende uma nova reforma do Estado na qual se aplicaria um duro golpe na “burocracia estatal”, substituindo-a pelo gerenciamento a ser feito pela própria sociedade dos serviços de assistência médica e educação, entre outros, os quais constituir-se-iam em cooperativas à caça de clientes - sim, é este mesmo o vocábulo - possuidores de vouchers (espécie de “papéis” reais ou virtuais do governo que valem dinheiro e que seriam usados por pais de alunos ou pelos próprios alunos nas escolas de sua preferência).

A intenção do primeiro-ministro liberal-conservador é pôr em prática uma das idéias do economista liberal Milton Friedman, revigorando a ideologia do Estado mínimo e cortando até 25% dos gastos do Estado inglês. No entanto, ao invés de se apresentar como defensor de tal ideologia, prefere recorrer a meios-termos dizendo-se favorável a uma tal “big society” (grande sociedade) em oposição ao que eles consideram um Estado inchado deixado pelos trabalhistas.


Para atingir o percentual mencionado, o novo governo inglês recorrerá a cortes nos sistemas de previdência, assistência social e no número de funcionários públicos, reduzindo o que costumam chamar de “Estado mastodôntico”, e aplicando a  mesma receita que seus irmãos siameses “brasilians” do PSDB e dos Democratas (antigo PFL) aplicariam no Brasil se fossem alçados à Presidência da República e obtivessem à maioria parlamentar na Câmara e no Senado. O resultado de tal receituário é conhecido por muitos brasileiros que vivenciaram o final dos anos 1980 e toda a década de 1990 até os dias de hoje, vítimas do desemprego crônico e do abandono à própria sorte.


O ministro das finanças britânico, George Osborne, anunciará detalhes sobre as medidas de austeridade em 20 de outubro. Até lá, grande parte dos que fazem parte do maledetto grupo dos "burocratas" - curiosamente formado por parte da mesma classe média individualista e reacionária que apoia tais governos - aguardarão ansiosos por saber se perderão ou não seus empregos em favor de uma austeridade que não foi seguida com relação à guerra no Iraque, nem tampouco com relação à regulamentação de um sistema financeiro e seus instrumentos de alto risco para enriquecer poucos e arruinar muitos.




Abaixo, alguns links para textos que abordam o tema


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domingo, 25 de abril de 2010

Revista Veja contra Filosofia e Sociologia nas escolas

Não me surpreende o fato de a revista Veja colocar-se contra o retorno do ensino de Filosofia e Sociologia nas escolas públicas, suprimidas destas durante o regime militar. De igual forma, não me surpreende o esforço do poderoso grupo econômico Abril, da qual faz parte a revista semanal, para incorporar antigas editoras de livros didáticos e paradidáticos de História e Geografia, entre outras disciplinas, tais como as editoras Ática e Scipione.  Nas linhas que seguem, explico o porquê.

Em uma frente de batalha a revista abre fogo contra a inclusão das disciplinas de Filosofia e Sociologia nas escolas secundárias e, em outra, incorpora antigas  e importantes editoras nas quais passa a poder influenciar o conteúdo ou reescrever  livros-texto de História e Geografia, por exemplo, em temas fundamentais para a compreensão de nosso mundo tais como a origem, a natureza, as características e as consequências da adoção pela maior parte dos países do mundo do sistema capitalista, especialmente da fase atual desse sistema, caracterizada pelo domínio da vertente neoliberal e da globalização.

Os cabeças-de-Veja (alusão à expressão "cabeça-de-planilha, cunhada, se não me engano, pelo jornalista Luís Nassif) desejam com veemência que os alunos aprendam muito bem matemática, física, química e biologia, para que pelo menos parte deles possa se destacar em alguma ou algumas combinações dessas disciplinas,  descobrindo, criando e/ou aperfeiçoando coisas que venham a contribuir para melhores condições e maior expectativa de vida dos  que possam pagar - frise-se - por tais coisas, materializadas em produtos e serviços a serem patenteados e colocados em mãos de grandes agentes do capital.

Importa que se foque no processo de fotossíntese, por exemplo, e na relação física e química que a luz solar desempenha nesse processo, entre outros fatores. Pouco importa a análise dos fatos, os fatos, em si, e  por que o Napalm foi aplicado na Guerra do Vietnã, pois o importante é o Napalm, em si, o lucro que ele gera, o cliente e o cérebro que o criou, já que estamos na sociedade do capital, do conhecimento e da competição, e tudo o que destoe dela fracassou ou está condenado ao fracasso.

Assim sendo, História, Geografia, Sociologia e Filosofia, entre outras disciplinas, pouco importam, pois são matérias que remetem a ideologias que, segundo a grande e esmagadora maioiria dos veículos de comunicação brasileiros da mesma linha ideológica da revista em pauta,  fracassaram, ao contrário da única ideologia que sobreviveu à passagem do tempo e propicia condições de ascensão social e econômica aos que possam obtê-las por seu próprio mérito, qual seja, a do capitalismo selvagem (neoliberalismo econômico).




Quem tiver tempo e disposição acesse o link abaixo e leia o texto na íntegra

sábado, 27 de março de 2010

Privatização e internacionalização do setor elétrico

Pouca coisa foi "reestatizada" sob o governo de Luís Inácio Lula da Silva, contrariando parte significativa de seus eleitores, de tal forma que se houver um retorno do PSDB e de seus aliados ao governo após as eleições de 2010, estes provavelmente irão aprofundar ainda mais o processo de privatização mais do que "reprivatizar" o pouco que foi - se é que podemos dizer que o foi - reestatizado sob o governo Lula através das compras de ações efetuadas pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social pertencente ao governo federal). 

A despeito das compras de ações do BNDES, tornando o governo federal partícipe em uma série de empresas estratégicas, o Estado não retornou ao seu antigo desenho anterior às privatizações feitas sob os governos Collor, Itamar e Fernando Henrique,  e o governo Lula contrariou o antigo discurso de seu principal partido apoiador, o PT, ao conceder por longos anos algumas estradas federais ao setor privado e apoiar a privatização de alguns bancos estaduais (os do Maranhão e Ceará), só para citar duas formas de privatização adotadas por esse governo.

Para piorar, agora, ao fim de seu segundo mandato, pode até vender a maior parte das ações da Eletropaulo à empresa norte-americana AES, a mesma para a qual o BNDES emprestou dinheiro para que a referida empresa transnacional adquirisse a maior parte das ações da distribuidora paulista de energia elétrica, a Eletropaulo, quando da privatização desta pelo governo peessedebista de Mário Covas em conluio com o de Fernando Henrique Cardoso. Espero sinceramente que isso não aconteça, não sob esta fase final do governo Lula, nem sob um eventual governo de Dilma Roussef.

Uma outra possibilidade é o governo de Luís Inácio Lula da Silva subsidiar, através de empréstimos do BNDES, alguns fundos de pensão e grandes empresas até o momento "nacionais" - a Camargo Correa, por exemplo - para adquirirem a maior parte das ações de geradoras e distribuidoras de energia elétrica - aqui entraria a Eletropaulo, entre outras -, mas tal operação encontraria forte obstáculo na recusa de a empresa norte-americana AES concordar em vender suas ações da Eletropaulo para o citado grupo, dito nacional.

Para quem vê nestes escritos coisa de "radical de esquerda inventando fatos", vide matéria sobre a intenção do BNDES - banco federal estatal -, através do BNDESpar, de vender a parte de ações que detém da Eletropaulo para a norte-americana AES - vide site do Portal Exame acessando um dos links ao final do texto-, ou a de fomentar fundos de pensão e alguma grande empresa nacional - pelo menos enquanto não for incorporada por alguma grande empresa transnacional - para comprá-las.

sábado, 13 de março de 2010

O gargalo da qualificação profissional

De tempos em tempos ressurge nos mais diversos veículos de comunicação a questão da falta de graduação escolar e qualificação profissional por parte dos que procuram emprego, ao mesmo tempo em que, paradoxalmente, alardeia-se o impressionante número de vagas que restam sem ser preenchidas. Que está acontecendo, afinal, neste País?

Não são poucas as matérias veiculadas nas emissoras de televisão abertas (Globo, Record, SBT e Bandeirantes, entre outras) e revistas semanais lidas pelas classes médias (Veja, Época, e outras) que expõem a existência desse "gargalo", o qual vem a se juntar a outros (o da energia elétrica, o dos serviços aeroportuários  e portuários, o da própria educação pública e outros) , e se constituem em alguns dos grandes impedimentos para que essa Terra de concentração de renda e de riqueza participe das delícias do chamado "Mundo Desenvolvido".

Querem construir um Homo sapiens sapiens competitivus vindo das periferias das grandes cidades apoiando fortemente governos que oferecem salários e condições aviltantes aos profissionais do sistema educacional brasileiro, e esquecendo-se de que quem de fato quer cuidar dos filhos das periferias e dos centros degradados deste País, deve cuidar também dos pais e/ou responsáveis, consanguíneos ou não, destes mesmos jovens, os quais  sejam verdadeiramente ligados a eles do ponto de vista afetivo - isso talvez seja muito mais importante do que simples consanguinidade.

Este descuido e desprezo por esses últimos se dá sempre que perseguem o objetivo de aprofundar as reformas de inspiração neoliberal, as quais transformam o Estado em estado mínimo para os que dependem das aposentadorias, pensões, assistência social e auxílio por motivo de doença e afastamento do trabalho, entre outros sistemas de proteção social, privatizando e/ou tornando tais sistemas mais difíceis ainda de serem alcançados pela maioria dos pobres e miseráveis. Os mesmos pobres e miseráveis que abrigam e cuidam dos jovens  com os quais tantos membros da elite econômica se dizem preocupados e os querem transformar em "capitais humanos".

Não menos contraditório é constatar que os mesmos veículos de comunicação citados  são os  que manifestam forte irritação contra os baixos níveis educacionais e de qualificação profissional no Brasil, e que dão forte apoio aos parlamentares e tecnocratas que se revoltam a todo momento contra os chamados gastos correntes do governo, os quais são compostos, entre outros, pelos sistemas de educação e (re)qualificação profissional fornecidos e/ou financiados pelo Estado. Usam para isso alguns de seus personagens mais vistos, ouvidos e lidos  por  individualistas reacionários e por ingênuos, os quais cospem todo o seu desprezo e raiva contra os diversos profissionais do sistema público e gratuito de ensino (os diretores, os coordenadores pedagógicos, os professores e demais profissionais) de primeiro, segundo e terceiro graus, apontados como os grandes responsáveis pela precarização do sistema.

Para finalizar, existe ainda a indignação da elite econômica  e seus tecnocratas quanto à falta ou  à precariedade da (re)qualificação profissional propriamente dita de milhões de trabalhadores brasileiros - excluída a educação formal de primeiro, segundo e terceiro graus -, a qual se revela como uma hipocrisia que lhes é ambundante, pois nas regiões metropolitanas e no campo onde grassam o desemprego e o subemprego, são pouquíssimos ou inexistentes os cursos técnicos gratuitos de qualidade muito boa, e cujo número de vagas seja suficiente para atender à procura deseperada por esses cursos por parte de uma massa enorme de seres humanos. Veja-se as entidades por eles administradas - as quais recebem, inclusive, recursos dos próprios trabalhadores e do Estado -, tais como o SENAI, SENAC, SESI, SESC e outros (o chamado sistema S), as quais disponibilizam pouquíssimas vagas gratuitas para essa mesma massa excluída, cobrando preços inacessíveis por grande parte de seus cursos à grande maioria dos marginalizados pelo sistema capitalista de vertente neoliberal.

Reforma do "sistema S" gera debate acalorado
Governo desiste de acabar com a autonomia do "sistema S"




Assista ao debate sobre o "sistema S" (Senai, Senac, Sesc e Sesi) havido no auditório do jornal Folha de São Paulo, na capital paulista, em que houve forte reação dos dois representantes de poderosos grupos econômicos contra a proposta do governo Lula em monitorar e aumentar o número de cursos profissionalizantes gratuitos dessas entidades.






domingo, 21 de fevereiro de 2010

Mais um flagelo: o assédio moral

Contraditoriamente às expectativas de melhora nos indicadores econômicos e na confiança no futuro, prevalece nas relações entre os detentores de capital e os dependentes do trabalho para a subsistência deste País o flagelo do assédio moral para estes últimos, ocasionando-lhes uma série de doenças psíquicas e psicossomáticas não reconhecidas por uma ampla gama de profissionais da assistência à saúde, e igualmente  nem sempre adequadamente combatidas e punidas pelos órgãos federais responsáveis por combatê-las, tais como o Ministério Público do Trabalho e o Tribunal de causas trabalhistas. 

Como se não fossem suficientes ter de pegar veículos de transportes apinhados de gente, ter de comer de marmita, o recebimento de um salário muito baixo e insuficiente até mesmo para alimentar-se e a seus entes queridos, o risco eminente de demissão sem justa causa e as discriminações odiosas (por motivo de idade, gênero, cor,  etnia, aparência, tempo na condição de desempregado e de permanência nas últimas empresas, entre outras) de que são vítimas quando se oferecem para trabalhar em alguma empresa, proliferam os relatos de assédio moral contra os que dependem do trabalho para a subsistência nas relações trabalhistas, seja na esfera pública, privada ou de economia mista. 

O assédio moral caracteriza-se por uma série de abordagens repetitivas por parte de superiores hierárquicos dirigidas a um ou mais subordinados nas quais estão presentes os mais diversos golpes à psique destes últimos, alguns dos quais caracterizados por (entre outros): advertências,  humilhações e criação de situaçãoes vexatórias diante dos demais subordinados, nas quais percebe-se a ameaça implícita e explícita de demissão; exigência de realização de trabalho e metas muito difíceis ou mesmo impossíveis de serem atingidas pelo(a) funcionário(a) assediado(a); ricularização, depreciação, desprezo e indiferença diante das dificuldades por parte do(a) funcionário(a) em conseguir terminar os trabalhos e funções que lhe foram atribuídos; por fim, culpabilização do(a) mesmo(a) pelas deficiências no setor..

Os procedimentos ilegais por parte de superiores hierárquicos expostos no parágrafo anterior incluem igualmente o controle e a cronometragem do tempo de ida e volta do(a) funcionário(a) ao banheiro, bem como no isolamento e criação de um ambiente hostil a(o) funcionária(o) a fim de forçá-lo a pedir sua demissão. Estes são alguns (apenas alguns) dos comportamentos de superiores hierárquicos com relação a seus subordinados os quais caracterizam o assédio moral no trabalho, e resultam em sofrimento psíquico e adoecimento da vítima desse mal amplamente praticado no Brasil.

Não há perspectiva de que esse quadro se altere em benefício dos que dependem do trabalho para a subsistência, pois a ideologia neoliberal dominante em nosso país e na maior parte dos países do mundo favorece esse estado de coisas, ao constituir-se com uma poderoso instrumento de exclusão e de absorção de mais-valia dos que precisam do trabalho para sobreviver.


terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

A Grécia e o Consenso de Maastricht

Parece-me que as poucas características de alguns países europeus, mistura de liberalismo aplicado ao mundo real com intervenções pontuais e insuficientes do Estado na área social  e  da regulação macroeconômica, porém significativas no apoio ao capital,  não combinaram de forma adequada em certos países como Grécia, e, talvez - o tempo nos mostrará - Portugal, Espanha e Irlanda. Talvez o caso da Itália seja diferenciado por este país ainda reunir condições de obter empréstimos das mais diversas instituições em melhores prazos e condições do que os ofertados aos quatro países citados.

A admissão da Grécia, Portugal, Irlanda e Espanha à União Européia e, posteriormente, a adesão desses países ao Tratado de Maastricht sem que tivessem condições de adotarem uma moeda única, controlada por um banco central europeu muito mais sintonizado com a realidade econômica de países como Alemanha e França do que com a Grécia, por exemplo,  parece ter sido uma das causas dos problemas econômicos atuais do país berço da filosofia ocidental. Se atentarmos para a origem dos credores dos títulos gregos, por exemplo, veremos que parte significativa é da Alemanha e da França, justamente os dois países mais desenvolvidos e que tiveram a sua elite econômica como principal beneficiária da criação de uma moeda comum.

Uma outra causa, corroborada pelo excelente artigo de Hideyo Saito "Tributação desigual e miséria, saldos da hegemonia neoliberal", publicado na Carta Maior, foi o chamado sistema tributário regressivo adotado por diversos países do mundo, ditos desenvolvidos, "emergentes" e subdesenvolvidos desde quando o neoliberalismo se tornou hegemônico, no início dos anos 1980, o qual reduz significativamente os impostos incidentes sobre a renda, patrimônio e herança dos mais ricos, e os faz recair sobre a renda da chamada classe média e sobre os produtos e serviços consumidos pelos mais pobres.

Uma outra, ainda, diz respeito ao darwinismo econômico aos quais os mais diversos países são lançados quando seus governantes se rendem ao bordão thatcheriano - de Margareth Thatcher - "there is not alternative", e se inserem de forma subordinada tanto na globalização quanto em uma união monetária que tende a favorecer o(s) países mais fortes de um bloco que se proprõe tal união .






A Quem tiver tempo e disposição, sugiro a leitura dos textos contidos nos links abaixo.  
2) o caminho da servidão, da Grécia a Letônia
3) Tributação desigual e miséria, saldos da hegemonia neoliberal  





domingo, 31 de janeiro de 2010

O Drama do metrô e dos trens em São Paulo

Já é muito difícil para os necessitam do trabalho para a subsistência encontrar um emprego minimamente digno na cidade de São Paulo e região, com um salário pelo menos razoável, e no qual não corra o risco de ser "mandado embora" (demitido) por qualquer motivo fútil, ou por simples antipatia por parte de chefes ou gerentes.

Como se não bastasse a dificuldade de se encontrar um emprego com as características expostas no parágrafo anterior, os paulistanos pobres, de classe média-baixa e de classe média sofrem muito com as condições do transporte público na maior cidade do País, inclusive e principalmente naqueles que são dois dos principais veículos de transporte mais procurados da cidade: o metrô e os trens da periferia e das cidades circunvizinhas de São Paulo. 

As imagens hospedadas no YouTube mostrando a dura realidade enfrentada diariamente pelos paulistanos que se dirigem aos seus locais de trabalho, e contrastam fortemente com a propaganda do partido que detém o governo no Estado de São Paulo há quase vinte anos.



Ida e volta de comuns entre os mortais utlizando-se de trens e metrô - Estacao Luz - em São Paulo, Brasil. Seria apenas cômico se não fosse, ao mesmo tempo, trágico.




Trabalhadores são transportados como animais nos trens de São Paulo




Metrô lotado - São Paulo - Brasil





Superlotação e briga no metrô de São Paulo - Brasil





Estação Sé do Metrô - São Paulo - Brasil





Agora assistam à campanha publicitária em favor do projeto Expansão São Paulo, do governo do PSDB - nada mais distante da realidade do que tais imagens, inclusive com pessoas que normalmente se empurram e até se estapeiam e se esmurram para conseguir um espaço ou sentar-se em alguns dos poucos bancos dançando e se confraternizando juntas.





Making off da Campanha publicitária em favor do projeto Expansão São Paulo, do governo do PSDB - igualmente nada mais distante da realidade do que tais imagens cuidadosamente trabalhadas por grandes mestres da propaganda e do marketing





domingo, 3 de janeiro de 2010

Existe renda mínima para os moradores de rua?

Alguns grupos de miseráveis ainda não constam como beneficiários de quaisquer dos programas de renda mínima existentes no Brasil. Entre esses grupos constam o dos moradroes e moradoras de praças ou sob marquises e viadutos, ou ainda, em calçadas sem qualquer cobertura, nas mais diversas cidades brasileiras, sejam elas de grande, médio ou pequeno tamanho. É entristecedor percebermos que, apesar de o governo Lula ter sido eleito por muitos que esperavam dele no mínimo um rumo pautado por valores social-democratas e trabalhistas, este governo tenha nos decepcionado ficando muito aquém dessa espectativa. Contudo, com o candidato e partido - junto com seus partidos aliados - alternativo das duas eleições anteriores teria sido muito pior.

Até onde sei, existem alguns programas sociais nos quais alguns integrantes desse grupo excluído podem ser enquadrados, desde que consigam reaver ou emitir novamente seus documentos e juntar as provas necessárias para requisitar alguma renda, mesmo que mínima. Este seria o caso, por exemplo, de idosos a partir dos 65 anos, ou portadores de deficiências, ambos com renda mensal inferior a um quarto do salário mínimo. No entanto, sabe-se que grande parte dos moradores e moradoras de rua não preenchem os pré-requisitos para fazê-lo, estando marginalizados até mesmo em um governo cujo principal partido de apoio, o PT, sempre procurou mostrar-se preocupado com os dramas sociais.

Desde há muito tempo existe a triste figura dos que mendigam algum auxílio nas cidades brasileiras e do mundo, consequência de um sistema que prioriza os que estão na condição de capital (o empreendedor e seus recursos, financeiros ou não), de cliente, de funcionário altamente especializado, artista ou atleta consagrado ou de capital humano a ser explorado por si mesmo ou por outrem(1), considerando como uma espécie de lixo ambulante não-reciclável os que dependem do trabalho para a subsistência, entretanto houve um aumento muito grande dos que estão nessa condição, no Brasil, a partir dos anos de 1990, justamente quando se iniciam, por intermédio do governo de Fernando Collor, as chamadas reformas estruturais de inspiração neoliberal. 

Até o momento, transcorridos sete anos do governo de Luís Inácio Lula da Silva, não se pode afirmar que todos os moradores e moradoras de rua das grandes, médias e pequenas cidades brasileiras são beneficiários de algum programa de renda mínima tal qual a idealizada pelo senador Eduardo Suplicy, nem pelo Bolsa Família, o qual, como já se subentende pelo próprio nome, destina-se a famílias, e não a pessoas miseráveis sem endereço fixo válido para efeitos cadastrais,  sem filhos e muitas das quais vivendo sozinhas ou com companhias ocasionais.


EXPLICAÇÃO DOS NÚMEROS EXISTENTES NO TEXTO ENTRE PARÊNTESIS E NA COR VERMELHA

(1) em alguns de meus escritos neste blogue eu menciono estes cinco entes existentes na atual fase do capitalismo, o qual se mostra mais ou tanto selvagem quanto ao dos séculos XVIII, XIX e primeira metade do século XX - antes da adoção do Welfare State em alguns países europeus -, os quais são: o empreendedor e/ou investidor, o cliente e o funcionário altamente especializado; o artista, atleta ou detentor de qualidades ímpares e altamente valorizadas pelo sistema capitalista, ou, também chamado de capital humano e, por fim, na condição de lixo-ambulante não reciclável, mas, ao mesmo tempo, na de gás metano que move essa imensa máquina de exclusão e (auto-)destruição: o que depende do trabalho para a subsistência.

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