quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Outro vocábulo, mesma ideologia

Usando um vocabulário novo para uma ideologia já conhecida, o novo premiê britânico, David Cameron, defende uma nova reforma do Estado na qual se aplicaria um duro golpe na “burocracia estatal”, substituindo-a pelo gerenciamento a ser feito pela própria sociedade dos serviços de assistência médica e educação, entre outros, os quais constituir-se-iam em cooperativas à caça de clientes - sim, é este mesmo o vocábulo - possuidores de vouchers (espécie de “papéis” reais ou virtuais do governo que valem dinheiro e que seriam usados por pais de alunos ou pelos próprios alunos nas escolas de sua preferência).

A intenção do primeiro-ministro liberal-conservador é pôr em prática uma das idéias do economista liberal Milton Friedman, revigorando a ideologia do Estado mínimo e cortando até 25% dos gastos do Estado inglês. No entanto, ao invés de se apresentar como defensor de tal ideologia, prefere recorrer a meios-termos dizendo-se favorável a uma tal “big society” (grande sociedade) em oposição ao que eles consideram um Estado inchado deixado pelos trabalhistas.


Para atingir o percentual mencionado, o novo governo inglês recorrerá a cortes nos sistemas de previdência, assistência social e no número de funcionários públicos, reduzindo o que costumam chamar de “Estado mastodôntico”, e aplicando a  mesma receita que seus irmãos siameses “brasilians” do PSDB e dos Democratas (antigo PFL) aplicariam no Brasil se fossem alçados à Presidência da República e obtivessem à maioria parlamentar na Câmara e no Senado. O resultado de tal receituário é conhecido por muitos brasileiros que vivenciaram o final dos anos 1980 e toda a década de 1990 até os dias de hoje, vítimas do desemprego crônico e do abandono à própria sorte.


O ministro das finanças britânico, George Osborne, anunciará detalhes sobre as medidas de austeridade em 20 de outubro. Até lá, grande parte dos que fazem parte do maledetto grupo dos "burocratas" - curiosamente formado por parte da mesma classe média individualista e reacionária que apoia tais governos - aguardarão ansiosos por saber se perderão ou não seus empregos em favor de uma austeridade que não foi seguida com relação à guerra no Iraque, nem tampouco com relação à regulamentação de um sistema financeiro e seus instrumentos de alto risco para enriquecer poucos e arruinar muitos.




Abaixo, alguns links para textos que abordam o tema


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