quarta-feira, 18 de maio de 2016

O cliente e o inseto asqueroso

Faz algum tempo criei a expressão "o cliente em primeiro lugar, e o inseto asqueroso do ser humano, em último", pois todo cliente é um ser humano (pelo menos do ponto de vista da classificação científica das espécies), mas nem todo ser humano é classificado com sendo um cliente, pois este consiste em um estado transitório do ser relacionado ao seu poder de adquirir bens e contratar serviços, e não a algo que lhe é imanente.

Em um mundo dominado pela ideologia da exclusão e da destruição do ecossistema (a ideologia capitalista, principalmente a de vertente neoliberal), existem apenas as primeiras pessoas do singular (eu) e do plural (nós), sendo que, nesta última, não estão incluídas as primeiras pessoas com as quais não existe uma ligação afetiva. 

Percebe-se que no sistema dominante (capitalista e de vertente neoliberal) o ser humano somente possui algum valor quando e se estiver propenso a adquirir algum produto ou serviço, ou quando e se está na posição de empreendedor e/ou investidor, ou ainda, quando e se está na condição de capital humano.

Na condição de alguém que depende do trabalho para subsistir sem constituir-se em capital humano, ou, pior ainda, na condição de pobre, miserável ou desvalido, o ser humano nada mais é do que um lixo ambulante não-reciclável, que talvez sirva apenas como uma espécie de gás metano para mover a imensa e poderosa máquina de genocídio, exclusão e destruição do ecossistema representada pelo sistema capitalista neoliberal.

Obs.: texto construído em alguma data que não me recordo e publicado em 01 de Julho de 2007.