domingo, 1 de junho de 2008

O Conceito de Liberdade e o Homo Sapiens demens

Não foi o Homo sapiens demens (se não me engano, este último termo foi acrescentado ao nome científico do ser humano por Leonardo Boff) que criou a vida que se manifesta sobre o planeta Terra das mais variadas formas. Fauna, flora e ecossistema aqui existiam independentemente de este ser ter adquirido os mais diversos conhecimentos, e ter-se feito uma espécie de Senhor da Terra. No entanto, apesar dessa constatação, este mesmo ser passou a transformar quase tudo a seu bel-prazer, conforme os ditames de uma certa ideologia que se pretende o Único Caminho, a Única Verdade, e a Única Possibilidade de subsistência da vida no planeta Terra, não sendo o suficiente o caráter flagrantemente suicida dessa ideologia.

Em certo momento, este ser demens possuído por certas forças psíquicas e pela ideologia capitalista nascente instituiu a propriedade e cercou-a, arregimentando outros para defendê-la. Ainda não satisfeito, lançou-se a descobrir, a explorar, a invadir e a espoliar outros povos e terras que não compartilhavam de sua ideologia. Mas nem todos da mesma espécie conseguiram apossar-se de terras e capital e serem bem sucedidos na defesa e na administração destes bens, sendo, portanto, condenados ao trabalho escravo, à servidão ou, quando do predomínio do sistema capitalista, ao trabalho na condição de dependente deste para subsistir. 

Expostos os fatos dos parágrafos anteriores, é a partir daqui, caro leitor, que esclareço: a liberdade defendida por liberais e anarco-capitalistas (libertários de direita) consiste na liberdade para apropriarem-se (sim, apropriar-se, pois nada do que existe foi criado por eles, ou criado a partir do nada) e tornarem-se os "legítimos proprietários" de terras e bens os mais diversos, reais e virtuais, sem que o maldito Leviatã, o Estado, se aposse de seus bens ou sequer possa lhes cobrar impostos sobre seu valor ou rendimento. A este ser "ladrão" mastodôntico e maldito só é dado o direito de tributar-lhes a renda e a riqueza quando e se unicamente para serem direcionadas à defesa de suas propriedades e às forças armadas coercitivas (neste caso sim, eles aceitam a coerção) para que contratos firmados sejam cumpridos à risca, independentemente do que signifiquem em termos de preservação da vida e da dignidade humanas, e igualmente de outras espécies animais e vegetais. 

Os Homo sapiens demens apoderaram-se do que não lhes pertencia e não criaram coisa alguma a partir do nada, mas mesmo assim arrogam para si o direito de serem os únicos e legítimos proprietários de bens e patentes que não lhes pertencem, pois a matéria prima básica a qual transformam em bens e serviços pertencem a algo ou alguém que alguns chamam de natureza, e outros, de Deus.

A liberdade raivosamente reivindicada por eles consiste não somente em proteger seus bens e a inviolabilidade dos contratos por eles firmados - e que lhes são favoráveis – através de instrumentos coercitivos do - o qualificativo a seguir depende de o ente em questão favorecer-lhes ou não - maldito Leviatã (o Estado), mas igualmente na liberdade para contratar, espoliar e demitir os que dependem do trabalho para a subsistência conforme os limites de sua própria consciência moral e de seu calculismo, e sem qualquer restrição imposta pelo monstro asqueroso (de novo, o Estado) com o intuito de proteger esses últimos. 

Eis um resumo a grosso modo, porém esclarecedor e verdadeiro, do conceito de liberdade apregoado pelos seguidores de Ludwig von Mises, Friedrich August von Hayek, Murray Rothbard, Milton Friedman, Ayn Rand e outros Homo sapiens demens seguidos religiosamente por cada vez mais e mais jovens e não tão jovens membros da elite econômica nacional e transnacional.