sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Culto à exclusão e ao assédio moral (um rascunho de reflexão)

A busca de um climax por parte de alguns telespectadores ao assistirem "programas de eliminação", tais quais Big Brother, A Fazenda, O Aprendiz e outros similares em que muito provavelmente as partes mais aguardadas são aquelas em que superiores hierárquicos autoritários assediam moralmente seus subordinados, ou aquela em que esses mesmos primeiros citados dizem, com expressão sizuda e autoritária, "Você está demitido" ou, simplesmente, sem a tal expressão, "O eliminado dessa noite é ...", mostram que parece haver um culto à exclusão e ao assédio moral por parte de parte dos telespectadores.


Die Ideologie der Ausgrenzung, Vertreibung und Zerstörung des Ökosystems


quinta-feira, 25 de agosto de 2016

A terceirização proposta pelo PL 4330/2004

A terceirização, em muitos casos, não é apenas uma forma de precarização da prestação de serviços, mas sim, dependendo da precarização imposta aos que dependem do trabalho para sobreviver, é uma forma de sub-humanização do trabalho, um retorno àquelas condições desumanas a que eram submetidos os trabalhadores e trabalhadores (incluindo até crianças e outros grupos mais frágeis, porém dos quais pudesse se extrair a mais-valia) desde a segunda metade do século XVIII, em partes da Europa, até o período em que inicia alguma regulamentação para melhorar as condições e a remuneração dos que dependiam do trabalho para a subsistência em alguns países europeus, pouco depois da Primeira Guerra Mundial, no chamado entreguerras.

Muitas grandes corporações, bancos e instituições se utilizam desse tipo de contratação de funcionários para diminuir custos, ou, no economês dito em diversas mídias por economistas alinhados com o sistema capitalista neoliberal, diminuir "o custo unitário do trabalho", pagando muito menos aos terceirizados em relação aos funcionários da corporação ou instituição contratante, dificultando que tirem férias (naqueles casos em que o funcionário permanece prestando serviços à empresa contratante, mas tem de mudar para outra empresa contratada), não investindo na segurança desses trabalhadores ao exercerem trabalhos que envolvam risco de morte e insalubridades diversas, entre outros flagelos vividos pelos terceirizados.

Nas manifestações compostas por uma colcha de retalhos ideológica iniciadas em junho de 2013, exigiram diversas condições e direitos que deveriam ser fornecidos pelo Estado, ao lado de reivindicações próprias da direita neoliberal associada a outras vertentes da direita, mas não se viu nenhum grupo em número significativo se opor a esse aprofundamento da terceirização proposto pelo Projeto de Lei 4330/2004.

O relativamente conhecido refrão "Eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor" talvez deve ser sido entoado por algum ou alguns dos manifestantes para os quais é indiferente a aprovação ou não do PL 4330/2004, que sequer sabem do que se trata, cerrando fileiras ao lado de empresários, banqueiros, investidores e classe média individualista e reacionária sem saber que são os quatro grupos citados que lhes apunhalarão pelas costas .


Die Ideologie der Ausgrenzung, Vertreibung und Zerstörung des Ökosystems

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

O capitalismo neoliberal

quarta-feira, 18 de maio de 2016

O cliente e o inseto asqueroso

Faz algum tempo criei a expressão "o cliente em primeiro lugar, e o inseto asqueroso do ser humano, em último", pois todo cliente é um ser humano (pelo menos do ponto de vista da classificação científica das espécies), mas nem todo ser humano é classificado com sendo um cliente, pois este consiste em um estado transitório do ser relacionado ao seu poder de adquirir bens e contratar serviços, e não a algo que lhe é imanente.

Em um mundo dominado pela ideologia da exclusão e da destruição do ecossistema (a ideologia capitalista, principalmente a de vertente neoliberal), existem apenas as primeiras pessoas do singular (eu) e do plural (nós), sendo que, nesta última, não estão incluídas as primeiras pessoas com as quais não existe uma ligação afetiva. 

Percebe-se que no sistema dominante (capitalista e de vertente neoliberal) o ser humano somente possui algum valor quando e se estiver propenso a adquirir algum produto ou serviço, ou quando e se está na posição de empreendedor e/ou investidor, ou ainda, quando e se está na condição de capital humano.

Na condição de alguém que depende do trabalho para subsistir sem constituir-se em capital humano, ou, pior ainda, na condição de pobre, miserável ou desvalido, o ser humano nada mais é do que um lixo ambulante não-reciclável, que talvez sirva apenas como uma espécie de gás metano para mover a imensa e poderosa máquina de genocídio, exclusão e destruição do ecossistema representada pelo sistema capitalista neoliberal.

Obs.: texto construído em alguma data que não me recordo e publicado em 01 de Julho de 2007.



terça-feira, 4 de março de 2014

Próximo lance: tomar a Ucrânia e impor-lhe a austeridade

Sorrateiramente, sem que muitos percebam, os EUA e vários países europeus que lhes são associados estão se apoderando do governo de vários países para submeter-lhes a condições de austeridade, tais como às aplicadas à Grécia e outros países europeus e de diversas regiões do mundo. Querem extrair suas riquezas minerais, apossar-se e patentear suas riquezas naturais, apossar-se das empresas de serviços essenciais e estratégicos desses países e impor-lhes, como já foi escrito, à austeridade econômica.

Um após o outro ou simultaneamente são incorporados aos domínios das grandes corporações e do sistema financeiro os mais diversos governos e países que outrora muitos jamais imaginaram que seriam incorporados, porque havia o temor da reação de países como China e Rússia.

Parece-me que esse temor não existe mais. A ideologia da imposição da austeridade, da globalização financeira e econômica, da destruição do ecossistema e do próprio ser humano parece estar atingindo seus objetivos e vencendo as guerras.

O fato exposto na matéria abaixo, por exemplo, pode até ser taxado como uma estratégia dos russos e seus aliados para amedrontar simpatizantes dos ucranianos contrários à Rússia e favoráveis aos EUA e seus aliados na União Europeia, mas não deixa de expor um dos grupos aliados a esses últimos: os grupos nazifascistas ucranianos e não ucranianos que habitam a Ucrânia.


Ucranianos derrubam monumento erguido para soldados que lutaram contra nazismo (link)

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

A Venezuela e o risco de golpe de Estado 1

Ao contrário do que é divulgado massivamente pelos mais diversos veículos de comunicação (incluindo aqui as chamadas "redes sociais"), na Venezuela a partir dos governos de Hugo Chavez e de seu sucessor, Nicolás Maduro, aprofundou-se o que se entende por um regime democrático, e não a instituição de um regime antidemocrático, tal qual defendem tais veículos.


Quando a democracia extrapola os limites estabelecidos pelo sistema capitalista dominado por grandes oligopólios e pelo sistema financeiro, permitindo que os mais pobres e excluídos influam nos rumos do governo, os países que permitem isso passam a ser golpeados por grande parte de sua elite econômica.

 

"Essa guerra econômica é conduzida com a) formação de preços abusivos com práticas usurárias, b) criação de um mercado ilegal de dólares, e c) responsabilidade privada pela escassez. Assim, é construído um golpe contra a democracia em câmera lenta, ..." (1) 
 
 
E na sequência da guerra econômica (locaute) e protestos violentos promovidos pelos grupos econômicos hegemônicos, nacionais e transnacionais, em associação, surgem grupos que se manifestam agindo com violência, aparentemente contrários ao governo classificado como ditatorial ou autoritário pelos veículos de comunicação dominantes, e apoiados e financiados pelos grupos econômicos citados.
 
 
Tudo foi por água abaixo no momento em que o povo venezuelano ratificou apoio massivo para o modelo Chávez, que mesmo com suas falhas e desafios é, sem dúvida, o contrato social mais favorável e inclusivo possível.”
 
 
 
De lá, os tanques de guerra começaram a considerar que o golpe de mercado não seria suficiente para convencer a sociedade que, apesar de ser muito consumista, é altamente politizada a favor do projeto de Chávez.” (2) 
 
 
Leia sobre o tema no artigo intitulado "Um golpe em câmera lenta contra a democracia na Venezuela", de Alfredo Serrano Mancilla, publicado no sítio Correio da Cidadania em 20.01.2014 vide link logo abaixo).
 

Um golpe em câmera lenta contra a democracia na Venezuela  (link)

 
Transcrições, bibliografia e outros

(1) oitavo parágrafo do artigo de Alfredo Serrano Mancilla, autor do artigo para o qual o link supra direciona, e que é PhD em Economia e integrante do Centro Estratégico Latino-Americano de Geopolítica.

(2) idem


 
 

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Há mais de vinte anos

O PSDB não está há no governo federal há vinte anos, tal como teria dito que pretendiam ficar um de seus membros ou tecnocratas, e isso já faz algum tempo. Mas estão no governo do Estado de São Paulo já faz vinte anos.    


No entanto, a ideologia do PSDB, que na verdade não é apenas do PSDB, mas de um poderoso grupo político, econômico, financeiro, militar e midiático está no poder – nos governos federal, estaduais e municipais – há muito mais do que vinte anos, e representados pelos mais diversos partidos, mesmo por aqueles que trazem em seu nomes alguma aversão à ideologia capitalista neoliberal.


 
Leia sobre o tema no artigo intitulado "Depois de vinte anos em São Paulo, tucanato mostra a sua cara", de Waldemar Rossi, publicado no sítio Correio da Cidadania em 07.02.2014 (vide link logo abaixo).
 
 

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Se eu fosse um chargista 1

Se eu fosse um chargista, desenharia de um lado um rio, aparentemente limpo e cujas águas parecem adequadas para beber, higienizar-se, regar a colheita e outros usos, e circundado em ambas as margens por forças armadas transnacionais e defensoras da elite econômica nacional e transnacional a proteger não somente o rio, mas também as empresas (com seus logotipos) e investidores (elegantemente vestidos), de um assalto desesperado das massas em busca de água potável e alimentos.

À margem e distante vários e vários metros desse rio, seres esqueléticos, enrugados, sujos e maltrapilhos, queimando sob o sol feitos mortos-vivos e prostrados esperando por pelo menos um copo d'água potável, para adiar a própria morte por mais um dia.

A descrição acima e a charge que ainda não existe, ou existe e eu não sei onde está e por quem foi feita, é dramática e muitos pararam de ler na primeira linha, mas mostra um pouco do que poderá vir a ser, em muitas regiões do mundo, e talvez no próprio Brasil, onde prevalece e prevaleceu a supremacia do capitalismo selvagem e a destruição do ecossistema.


sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Trabalho temporário poderá ser flexibilizado

Como se não bastasse o PL (Projeto de Lei) 4330/2004, que, se aprovado, vai terceirizar as chamadas atividades-fim das empresas, surge agora o essa MP (Medida Provisória) do governo que pretende permitir contratações flexíveis, sem registro em carteira, apenas pelo período de 14 dias, renováveis (com intervalo de sete dias corridos) até o limite de 60 dias por ano e permitido para todos os setores da economia, em qualquer momento do ano, em todo o País.

O assunto é de muita importância para os que se preocupam com a extinção de muitos direitos trabalhistas e com a piora (ainda mais) nas condições de trabalho dos que necessitam dessa atividade para subsistir.

Leia sobre o tema na matéria de João Villaverde, publicada originalmente no jornal e sítio do jornal O Estado de São Paulo, em 30.01.2014 (vide link logo abaixo).

Trabalho temporário poderá ser flexibilizado
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,trabalho-temporario-pode-ser-flexibilizado,1124687,0.htm

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Call Center e Telemarketing 1

Dentre as muitas “profissões” que aumentaram exponencialmente no Brasil constam as de atendente de Call Center e operador(a) de telemarketing, inseridas na categoria de prestação de serviços, e isso se deu na esteira das reformas estruturais ditas neoliberais ao longo dos anos 1990 até os dias atuais.

Acrescente-se a muito boa matéria intitulada “Telemarketing e Call Center: O ‘proletário não operário’ ” (acesse a matéria através do link), publicada pelo jornal da Unicamp, edição 349, de 26 de fevereiro a 4 de março de 2007, que entre outras perversidades a nos remeterem ao capitalismo praticado no século XIX em vários países europeus, e também nos dias correntes, que em muitas das empresas prestadoras de serviços de call center e telemarketing os operadores têm seus passos vigiados (e seu tempo cronometrado) quando vão ao banheiro, e são grandes e médias empresas e bancos financeiramente muito bem situados que se utilizam e lucram com a terceirização desse serviço.

Leia sobre o tema na matéria publicada originalmente no jornal da UNICAMP, Edição 349, de 26 de fevereiro a 4 de março de 2007, e transcrita para o sítio Instituto Humanitas Unisinos (vide link logo abaixo).
   

Telemarketing e Call Center: O “proletário não operário”
http://www.ihu.unisinos.br/noticias/noticias-arquivadas/5082-telemarketing-e-call-center-o-proletariado-nao-operário

domingo, 11 de agosto de 2013

Para entender O Capital–palestra com David Harvey

David Harvey é um eminente geógrafo e pensador marxista que há anos estuda o sistema capitalista. Quase não aparece nos veículos de comunicação completamente dominados pela ideologia que transforma seres humanos em lixo ambulante não-reciclável e destrói o ecossistema. Sua dicção, sua exposição e didática são muito boas.

Já vi e ouvi outras exposições suas, com um tradutor ou com legendas em português, mas infelizmente esta só consta em língua inglesa, sem legendas em português.

 

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

O sistema financeiro mundial e as dívidas

 
Assistam ao muito bom vídeo aula originalmente intitulado Money as Debt, legendado em português, e que por enquanto ainda está disponível para ser assistido (ou baixado para o PC a fim de assisti-lo com mais atenção) no You Tube.
 

 
 

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

E a CPI da privataria tucana? - Brasil de Fato

 


 
























Leiam a excelente matéria do jornal e sítio Brasil de Fato acessando o link abaixo, ou, se preferirem, através de algum sítio de busca digitando as palavras-chave "E a CPI da privataria tucana?" seguida de Brasil de Fato.

http://www.brasildefato.com.br/node/9737

http://www.brasildefato.com.br/sites/default/files/Especial%20Privataria%20Tucana.pdf

domingo, 6 de janeiro de 2013

Leonardo Boff - frases 1






sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

A força destruidora e autodestruidora

É possível que o sistema capitalista, especialmente o de vertente neoliberal, não tenha semeado o suficiente de desgraça, de sofrimento, de condução à morte por fome e subnutrição, de crimes, genocídios e de espoliação da grande maioria dos seres humanos, nem destruído ainda o ecossistema na intensidade e abrangência necessárias para que se produza a sua autodestruição, como sistema, e talvez da humanidade inteira, por isso ainda permanece firme e forte, aparentemente muito bem estruturado e sem exibir fissuras e rachaduras em suas estruturas.
 
Os vários movimentos, personagens e fatos históricos que surgiram parecem ter contribuído, de alguma forma, para que esse sistema retardasse um pouco a sua expansão e a plena fluidez de sua pulsão de morte. É nessas forças contrárias à grande força do sistema espoliador, homicida, destruidor e autodestruidor que Chavez se enquadra, como uma passagem de luz em meio a um umbral. Luz que passa, traz alguma esperança aos espoliados de olhar vazio, mas em algum momento se vai, e há o retorno do sofrimento sem fim.
 
Mais do que líderes ímpares que surgem de tempos em tempos, às vezes em espaços de tempo grandes, existe a necessidade urgente de consciência, por parte dos condenados a uma vida sem vida sob o sistema capitalista,  do que é esse sistema e do quanto ele ameaça suas vidas e dignidades, e de muita, muita força por parte desses condenados a fim de fazer frente à força espoliadora, excludente, destruidora e autodestruidora representada por esse sistema.
 
Sem isso, não há esperança.
 

domingo, 9 de dezembro de 2012

Financeirização, oligopolização e barbárie

Os dois textos de François Chesnais, escritos originalmente para o Sin Permisso e publicados também no sítio da Carta Maior, são longos e de difícil compreensão para os que há pouco tempo iniciaram suas leituras sobre os temas abordados, mas partes deles são compreensíveis e nelas aprendemos, entre outras coisas, aquilo de que tomamos conhecimento em boas e muito boas aulas de História ministradas nos cursos secundários, em cursinhos preparatórios para os vestibulares de diversas faculdades e em mídias diversas (no You Tube, por exemplo). Qual seja: o de que a nova fase do sistema capitalista consiste no domínio do sistema financeiro, na constituição de poderosos monopólios e oligopólios nacionais (isto é, dentro das próprias fronteiras nacionais) e transnacionais, e na mundialização (muitos preferem a expressão globalização) desse sistema.
 
Neles somos informados de que houve e continua a haver uma mundialização do sistema capitalista com uma consequente maior interconexão dos mais diversos países para (a sequência é de minha autoria) uma maior e melhor expansão desse sistema, principalmente após o “esboroamento” do chamado “socialismo real” e da paulatina sabotagem de todo e qualquer governo que pretenda implantar qualquer tipo de sistema econômico que traga de volta, mesmo que apenas em alguns aspectos, o que um dia chamou-se Estado de bem-estar social.
 
Somos também informados de que “A tendência é endurecer as políticas de austeridade e montar uma operação de resgate total de grandes instituições financeiras, bancos e empresas) da qual não escape nenhum país. No entanto, a situação europeia não pode ser compreendida independentemente da consideração da situação da economia mundial em sua totalidade”, o que vem a corroborar com a tese exposta no parágrafo anterior, pois (idem ao parentesis do parágrafo anterior) essas políticas de austeridade vão no sentido de aproveitar-se de uma crise financeira (em sua origem) e econômica construída pelo próprio sistema capitalista neoliberal para desfazer e extinguir toda uma estrutura de Estado voltada para conceder um mínimo de proteção social às pessoas que por alguma razão não conseguem  viver de seus próprios recursos, ou que integravam a estrutura do estado (servidores públicos e funcionários de empresas de serviços essenciais e/ou estratégicos), ou ainda, que contribuíram para o sistema de previdência do tipo repartitivo do próprio país, além de abolir leis que visam a proteger a dignidade dos que dependem do trabalho para a subsistência.
 
Assim procedendo, a elite econômica (associada à transnacional e sendo ela própria transnacional) europeia extingue ou privatiza a parte do Estado voltada para a prestação de serviços essenciais à preservação da vida e dignidade humanas, bem como os estratégicos, e se concentra no subsídio ao capital, não necessariamente tornando-o mínimo, como querem ansiosa e raivosamente os mais radicais defensores do Estado mínimo, pois a manutenção de verdadeiras máquinas de guerra e de sistemas de segurança internos requer, muitas vezes, vultosos recursos, ocorrendo o mesmo no que tange ao socorro de grandes instituições financeiras e empresas tal como visto na crise atual iniciada nos EUA e espraiada por divesas outras regiões do mundo.

Percebe-se, nas entrelinhas dos muito bons textos de Chesnais, apesar de dito de outra forma, que um dos pilares fragilmente estruturados do sistema capitalista neoliberal são empréstimos, nas suas mais variadas formas, que são utilizados para de um lado gerar mais lucros para uma minoria (a elite financeira e dos grandes oligopólios), e de outro para possibilitar que classes sociais fortemente espoliadas pelo próprio sistema possam retroalimentar o mesmo sistema excludente e espoliador sem que os estruturadores desse sistema se preocupem com seu caráter autodestrutivo.
 
Sob esse sistema excludente e de horror está toda a humanidade, não escapando sequer minorias que vivam em partes pouco habitadas dos continentes ou em ilhas, pois as atividades do sistema e sua máquina de sucção de recursos naturais e de biodiversidade não poupam lugar algum em que estes existam, a esta máquina sugadora se soma o caráter destrutivo do sistema que ameaça a vida humana e a de muitas espécies animais e vegetais por toda a parte.
 

 
A luta de classes na Europa e as raízes da crise econômica mundial - Parte I
François Chesnais - Sin Permisso e Carta Maior
09/07/2012


 
A luta de classes na Europa e as raízes da crise econômica mundial - Parte II
François Chesnais - Sin Permisso e Carta Maior
20/07/2012


 

sábado, 3 de novembro de 2012

Resistência ao Neoliberalismo

O neoliberalismo (ou liberalismo econômico aplicado no mundo real, ou ainda, se preferirem, o capitalismo neoliberal) continua a ser implantado nos mais diversos países do mundo, apesar da negação desse fato por parte de muitos liberais, liberais-conservadores, fasciliberais e anarcocapitalistas por pretenderem a continuidade e o aprofundamento da implantação desse sistema.
 
Sob a ideologia neoliberal o Estado diminui drasticamente de tamanho nas áreas de proteção à vida, à dignidade e ao desenvolvimento humano (assistência médica pública, gratuita e digna de seres humanos, educação elementar, média e universitária pública, gratuita e de qualidade, previdência social em regime de repartição, assistência social, fornecimento de água tratada e coleta de esgotos, e muitas outras), as quais são privatizadas ou concedidas à chamada iniciativa privada ou entidades ditas "sem fins lucrativos" (muitas das quais são instrumentos para enriquecer ainda mais e dar mais poder a políticos, membros do governo e da elite econômica "nacional" e transnacional em conluio), e restringe sua atuação à defesa da propriedade e à coerção para que haja o cumprimento de contratos, não importando aos que controlam o Estado se essa defesa e essa coerção atentam ou não contra a vida e a dignidade humanas, nem contra a sobrevivência do ecossistema.
 
Sob este sistema são exigidas (principalmente pela elite econômica "nacional" e transnacional, mas também pela classe média individualista e reacionária) e feitas as chamadas reformas estruturais, as quais se traduzem nas privatizações e nas concessões já citadas, e também em precarização e até subumanização das relações de trabalho, demissão de funcionários públicos (principalmente dos que não pertencem às chamadas carreiras de Estado) abertura e desregulamentação da economia ao sistema financeiro transnacional, às importações de produtos e à atuação das empresas transnacionais, além do desfazimento de toda e qualquer regra que impeça o funcionamento do chamado "livre mercado" e outras medidas (impostas por organismos como o FMI, Banco Mundial e Organização Mundial do Comércio, entre outras) que objetivam satisfazer fundamentalmente o investidor, o empreendedor, o capital humano e o cliente, e não os que necessitam do trabalho para subsistir e muito menos ainda o ser humano e seu valor em si .

Ajudem-nos, por favor, a conscientizar as pessoas do que significa a implantação da ideologia neoliberal, da ideologia fasciliberal (mistura de liberalismo ou neoliberalismo aplicado no campo econômico com o fascismo aplicado nos campos político, social e institucional) e do anarcocapitalismo no mundo real.
 
 

O texto supra consta (ou constava) da descrição da comunidade Resistência ao Neoliberalismo, que foi criada por mim no Orkut em junho de 2005 e, após atingir o número de mais de cinco mil filiados, está se extinguindo aos poucos para o alívio de muitos defensores da ideologia que transforma seres humanos em lixo ambulante não-reciclável, e destroi o ecossistema sem preocupar-se com as consequências, pois a avidez por poder e riqueza é muito mais forte. O apelo, ao final do texto, continua válido, principalmente com os fatos de que temos tomado conhecimento sobre a Grécia, Portugal, Espanha, Irlanda, Itália, Inglaterra e tantos outros, para os quais a ideologia neoliberal se impõe com força revigorada. 
 
 

terça-feira, 30 de outubro de 2012

A Criminalização das reivindicações sociais na Espanha

A matéria de Naira Hofmeister e Guilherme Kolling, de Madrid para a Carta Maior, nos mostra que não é apenas em países ditos subdesenvolvidos ou “emergentes” que parte (ou grande parte) de uma elite econômica se esforça por criminalizar movimentos sociais que se opõem à ideologia capitalista neoliberal. Também na Espanha dos 25% de desempregados (o índice provavelmente é maior e maior ainda entre os mais jovens) e da destruição paulatina do que ainda existe de Estado de bem-estar social usa-se essa estratégia.
 
Na semana que abarca o final do mês de outubro de 2010, um grupo de indignados com a condução do governo espanhol pelo primeiro-ministro liberal-conservador Mariano Rajoy postou-se diante do Congresso Nacional espanhol para protestar contra a possível aprovação de um orçamento federal que pretende destinar mais recursos ao pagamento de dívidas contraídas ilegitimaente pelo governo e infladas artificialmente por banqueiros, tecnocratas e investidores ao emprestarem tais recursos ao governo para que este os use no pagamento das mesmas dívidas ilegítimas.
 
Dívidas estas feitas em moeda supostamente forte para países como Espanha, Portugal e Grécia, só para citar três países que agonizam diante de uma crise sem perspectiva de fim, teve os recursos provenientes delas usados principalmente para enriquecer setores empresariais e financeiros espanhois e de outras nacionalidades, e que geraram uma ilusão de prosperidade para grande parte da gente comum desses países durante anos, tendo um fim traumático quando do estouro da bolha financeira norte-americana por volta de 2007-2008, a qual não tardou para reverberar nos sistemas financeiros e na economia do Velho Continente.



Leiam, por favor, na íntegra com atenção e reflexão a muito boa matéria de Naira Hofmeister e Gulherme Kolling, de Madrid, intitulada “Indignados não se intimidam com repressão e voltam às ruas”, publicado no sítio Carta Maior, e que serviu de base para o pequeno texto supra. Quem preferir localizar o link para matéria usando algum sistema de busca, faça-o com usando as palavras-chave contidas no link abaixo e seguidas de Naira Hofmeister e Guilherme Kolling.

Indignados não se intimidam com repressão e voltam às ruas
Naira Hofmeister e Guilherme Kolling, de Madrid
28/10/2012

domingo, 28 de outubro de 2012

A reeleição de Chavez - outubro de 2012

O presidente da República Bolivariana da Venezuela, Hugo Chavez, venceu mais uma eleição para a Presidência da República desse país no dia 07 de outubro de 2012, em um pleito que não teve sua legitimidade contestada nem sequer por aquela revista semanal, sediada em São Paulo, cujo nome consta de um dos modos e de um dos tempos em que o verbo ver é conjugado, nem por alguns personagens televisivos reacionários que ganham para destruir imagens e ideologias contrárias as deles (ou delas) próprios e as de seus superiores hierárquicos.
 
Mesmo em eleições e nos vários plebiscitos ou referendums anteriores em que Chavez foi o vencedor, instituições como a fundação Carter e a OEA (Organização dos Estados Americanos) atestaram a lisura das eleições e das consultas, mas os veículos de comunicação sediados no Brasil nem sempre as reconheceram. Para estes, representados por bem articulados e sapientes reacionários, especialistas em difundir mentiras e/ou meias verdades, além de caluniar, difamar e injuriar todos os que frustram seus objetivos, Chavez usou e continua usando de seu poder descomunal para perpetuar-se no poder, aplicar sua política econômica “populista” e levar o país ao caos econômico e social, omitindo nos mesmos veículos de comunicação que  as políticas econômicas aplicadas em vários países europeus atualmente os leva para esse mesmo caos - se é que a política econômica aplicada pelo governo Chavez levará a Venezuela ao caos, como dizem.
 
Durante anos, desde que o governo de Chavez iniciou sua caminhada para o que seria ou pretende ser o socialismo do século XXI - é incerto o futuro de tal socialismo quando Chavez morrer sem deixar sucessores a sua altura ou, pelo menos, um partido que se mantenha fiel aos princípios da ideologia bolivariana e socialista -, raivosos reacionários vestiram-se de pregadores do (e torcedores pelo) caos venezuelano. Secretamente ou descaradamente vibraram quando houve a tentativa de golpe de Estado contra o governo de Chavez, em abril de 2002, e voltaram a revoltar-se quando viram que tal golpe fracassara.
 
Para esses reacionários não pode mais haver qualquer governo cuja ideologia e política econômica não estejam alinhadas com a nova fase do capitalismo, caracterizada pela financeirização da economia e pela oligopolização e monopolização dos mais diversos setores econômicos, a não ser, talvez (e ainda assim somente para parte deles) por um breve interregno, após o qual possam apregoar, através de seus poderosos veículos de comunicação, que tal sistema alternativo ao sistema capitalista neoliberal fracassou por ir contra os principais pilares desse sistema.
 
 
Nos parágrafos subsequentes transcrevi alguns trechos do muito bom artigo de Luciano Wexell Severo, publicado na Carta Maior e que serviu de apoio para o pequeno texto supra. Leiam-no na íntegra acessando o link existente logo após os parágrafos abaixo ou procurem-no em algum sítio de busca digitando as palavras-chave: “Povo venezuelano derrota a oligarquia e o imperialismo” e Carta Maior.

Coloquei também um link para o bom artigo de Antonio Martins intitulado “A vitória de Chavez e seus significados”.
 
 
O objetivo deste artigo é chamar a atenção para o avanço da participação política e demonstrar que há uma tendência crescente de ampliação do apoio popular a Chávez desde a sua primeira eleição em 1998. Isto ocorre apesar da campanha dos grandes meios de comunicação do país contra o processo de mudanças. Há uma vertente de opinião no Brasil, uma farsa inventada pela Folha, pelo Globo, pela Veja, pelo Estadão, pela Zero Hora, de que Chávez tem a supremacia dos meios de comunicação. É uma afirmação patética. Na Venezuela, os grandes meios de televisão, rádios, jornais e revistas ainda seguem nas mãos da elite apátrida, liberal e pró-americana, exatamente como o Partido da Mídia Golpista (PIG) no Brasil.
 
A proposta de Reforma Constitucional de 2007 foi a primeira e única derrota eleitoral de Chávez. De maneira pouco planificada, o governo tentou aproveitar o elevado índice de popularidade do projeto bolivariano para queimar etapas. Propôs a modificação de 69 dos 350 artigos da Carta Magna de 1999. A iniciativa foi derrotada: 50,7% (4.379.392 de votos) contra 49,3% (4.504.354 de votos). Uma diferença de menos de 125 mil votos em um universo de quase 17 milhões de aptos a votar. A expectativa da oposição estava sustentada nesta vitória apertada contra a Reforma, não exatamente contra Chávez. Por um lado, a oposição apoiada pelos grandes meios de comunicação e pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos relacionou sua magra vitória na Reforma com um suposto rechaço a Chávez. Por outro lado, é possível supor que quase 3 milhões de partidários de Chávez não associaram a Reforma com o presidente. A abstenção foi de 45% e podemos dizer que nesse dia muitos chavistas simplesmente não foram votar.
 
A nova vitória do presidente, agora em 2012, amplia o horizonte das transformações estruturais da Venezuela. O governo fortaleceu o papel do Estado na economia, com maior poder para planificar e executar políticas, buscando interferir –com crescente participação popular– nos principais meios de produção. Internamente, o dinheiro do petróleo tem financiado um processo de diversificação produtiva e de fortalecimento do mercado interno, um esforço por uma industrialização soberana, a criação de novas empresas básicas e a execução de importantes obras de infraestrutura.
 
Paulatinamente, os recursos que antes eram canalizados para as companhias petroleiras ou para contas bancárias da elite privilegiada, foram transformados em ferramenta do Estado para combater a pobreza e a economia rentista, improdutiva e importadora. Externamente, os recursos do petróleo foram utilizados como instrumento para a integração latino-americana e caribenha, assim como para o impulso à construção de um mundo multipolar. A Venezuela assumiu uma nova posição em suas relações internacionais: tenta diversificar sua produção e suas exportações; diversificar as origens e os destinos do intercâmbio, não dependendo comercialmente de um só país comprador ou um só país provedor.



Povo venezuelano derrota a oligarquia e o imperialismo

A vitória de Chaves e seus significados


Sítios de notícias favoráveis ao sistema capitalista neoliberal reconhecem a vitória de Chavez na eleição venezuelana de outubro de 2012

1) Chavez é eleito para o quarto mandato seguido na Venezuela

2) EUA elogiam alta participação de venezuelanos em eleição

3) OEA atesta bom andamento das eleições na Venezuela

4) Chávez vence eleição e governará Venezuela até 2019

5) Reeleito, desafio de Chávez é se adaptar ao Mercosul


quinta-feira, 25 de outubro de 2012

O papel das OS (organizações sociais) no sistema neoliberal


Na campanha eleitoral de 2012 para a eleição de prefeito e vereador da cidade de São Paulo, o candidato a prefeito do partido que se diz “social-democrata” manifestou bastante temor de que houvesse alguma alteração no modelo de gestão da assistência médica na referida cidade. Ele e a elite econômica que o apoia temem que haja alterações no sistema de parceria do governo municipal com as chamadas Organizações Sociais na assistência médica, ambulatorial e hospitalar do município, calcado em contratos de gestão firmados entre a prefeitura e as OSs (sigla comumente usada para Organizações Sociais) .

O provável início da implantação dos contratos de gestão entre um governo e as entidades ditas sem fins lucrativos deu-se no primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso, lá pelos idos de 1998, em algum Estado ou município governado pelo PSDB ou partido coligado, quando as ideias neoliberais estavam muito mais fortes no Brasil (hoje, elas continuam fortes, mas muito mais pela força das repressões aos movimentos que as condenam do que pelo número dos que de fato creem nelas) tendo à frente do Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado o hoje crítico do sistema neoliberal Luiz Carlos Bresser Pereira, e como secretária-executiva Cláudia Costin [1] .   

Em plena sintonia com a ideologia da transformação de grande parte dos seres humanos em lixo orgânico, putrefato e inútil, o grande objetivo de tal estratégia era (e continua sendo) precarizar, subumanizar e tornar muito mais fácil a demissão de funcionários públicos considerados sem importância para o Estado, ou seja, aqueles não vinculados a carreiras ditas típicas de Estado, a fim de diminuir a instituição no que se refere aos gastos com pessoal, mas fortalecê-la nos gastos com as diversas formas de subsídio, proteção e ampliação das atividades econômicas da elite econômica nacional e transnacional[2] .

Diferentemente dos liberais no campo econômico de diversas vertentes e dos anarcocapitalistas, os tecnocratas do PSDB e associados formularam uma estratégia um pouco diferente para tornar o Estado mínimo em setores que muito provavelmente causariam indignação na grande maioria dos usuários pobres se fossem simplesmente privatizados, optando então pelo firmamento de contratos de gestão entre o governo e as OS nas áreas de assistência média, ambulatorial e hospitalar e assistência social, entre outras. Com as OS, dar-se-ia e da-se a impressão de que o governo continua atuando no setor terceirizado para uma entidade “sem fins lucrativos”, mas no mundo real os grandes beneficiados são a elite econômica e os políticos que a representam.

Não há melhora significativa com a transferência de atividades consideradas “não típicas de Estado” para as OS, pois o montante de recursos destinados a essas atividades, os salários de muitos funcionários, a compra e manutenção de materiais e equipamentos essenciais permanecem aquém do necessário, além da instauração da mesma rotatividade de funcionários existente no setor privado e do sistema de compras da OS que não se submete ao mesmo controle existente nas licitações de órgãos públicos e estatais.

Em não havendo a mesma rigidez e controle de tais entidades públicas, não estatais e de direito privado quanto a suas compras de produtos, materiais e equipamentos, e na contratação de serviços, abre-se (talvez até se escancare) uma janela para que pessoas que façam parte da direção dessa entidade, políticos e empresários se locupletem, criando um círculo vicioso de corrupção e tentativa de perpetuação no poder das mesmas forças políticas em conluio com empresários, grupos econômicos e dirigentes dessas entidades.

A retórica da eficiência no uso dos recursos e na prestação de serviços ditos “não típicos de Estado” extinguindo ou substituindo pouco a pouco entidades públicas e estatais por entidades públicas não-estatais de direito privado “sem fins lucrativos” objetiva, em linhas simples, o que foi exposto nos parágrafos anteriores, além de contribuir significativamente para que a elite econômica nacional e transnacional apropire-se ou reaproprie-se de grande parte da renda e da riqueza distribuída para setores da classe média baixa e dos mais pobres que constituem os servidores públicos de entidades públicas e estatais agora submetidos à condição de servidores demissíveis sem justa causa, e a própria população de baixa renda que se vê obrigada a recorrer aos sistemas públicos de assistência médica, ambulatorial, hospitalar, social e outras sem melhorias significativas quando prestadas pelas tais Organizações Sociais (OS).



 
[1] Leia o texto logo abaixo, intitulado "Organizações Sociais - Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado - 1998", em formato de pdf, publicado pelo referido ministério e no qual havia a firme determinação de transferir para as chamadas Organizações Sociais (OS) grande parte (ou todos os serviços) dos serviços tidos como atividades não essenciais do Estado.



[2] Aqui se encaixam desde as diversas formas de renúncia na cobrança de tributos, ou de redução de tributos, por parte do Estado, de certos setores econômicos (das áreas industrial, comercial, financeira, de serviços e outras) que, segundo os governos adeptos de tal ideologia, contribuam para o aumento dos investimentos e geram empregos diretos e indiretos - pouco importando se se trata de empregos precários ou até de condição subumana -, até mais investimentos do Estado nos setores de infraestrutura (rodovias, ferrovias, portos, aeroportos, hidrelétricas, termoelétricas, e outros) ou concessão de tais setores por longos anos à iniciativa privada mediante contrato favorável a esta última e, por vezes, empréstimos subsiados que lhe sejam feitos por algum banco de fomento estatal (em casos recentes do Brasil, o BNDES).

 

domingo, 14 de outubro de 2012

Desastre ambiental, miséria e guerra sem fim

Os aumentos nos custos para a produção de bens e serviços em razão da destruição do ecossistema serão compensados com uma maior precarização, desumanização e exploração do trabalho, a ser feita em qualquer parte do mundo onde vigore ditaduras, regimes autoritários e falsas democracias.
 
Haverá a privatização e a concessão por longos anos de bens e serviços essenciais à vida e à dignidade do ser humano, tornados escassos graças à forma e à intensidade como foram explorados pelo sistema, forçando muitos miseráveis, pobres e até pessoas que um dia pertenceram a alguma classe média a recorrer à água contaminada e muita vez fétida e vinda de esgotos para saciar sua sede e usá-la para a higienização de locais e ambientes, a lampiões e a gravetos ou qualquer outro material combustível para gerar fogo necessário ao cozimento ou fritura de "alimentos", sabe-se lá quais, e ao aquecimento da água para um banho de balde ou caneca.
 
Ao Estado, para o gozo de adeptos do capitalismo neoliberal e do anarcocapitalismo, só restarão as funções de criminalização, encarceramento (oxalá não recorram à tortura e ao extermínio) e repressão dos pobres, miseráveis e dos que um dia pertenceram a alguma classe média, entre outras poucas funções destinadas fundamentalmente a proteger a propriedade, o cumprimento dos contratos, algumas (frise-se) vidas e, talvez - neste ponto os anarcocapitalistas dizem discordar dos capitalistas neoliberais - grandes subsídios a empresas e sistemas financeiros, e obviamente à industria da guerra.

Leiam, por favor, na íntegra com atenção e reflexão o muito bom texto de Noam Chomsky intitulado “Os temas que Romney e Obama evitam: desastre ambiental e guerra nuclear”, publicado no sítio La Jornada e transcrito para o da Carta Maior, e que serviu de base para o pequeno texto supra. Quem preferir localizar o link para matéria usando algum sistema de busca, faça-o com usando as palavras-chave contidas no link abaixo e seguidas de Noam Chomsky e La Jornada.

domingo, 7 de outubro de 2012

O ódio das elites e dos reacionários a Hugo Chavez

Há muito tempo ouve-se e se lê que Chavez é um ditador. Dizem que ele sempre consegue reeleger-se, e veem nisso um sinal de fraude. Citam-no como um populista, no sentido depreciativo e sem sequer ater-se ao significado completo e correto desse termo. Reprovam veementemente a política econômica implementada por ele, classificada como “estatista”, “populista” e “intervencionista”, entre outros adjetivos, e acusam-no de controlar com mão de ferro os veículos de comunicação venezuelanos.

Sempre que julgam necessário, veículos de comunicação tais como aquela revista cujo nome consta de um dos modos e um dos tempos em que o verbo ver é conjugado direcionam a sua carga de ódio a Chavez e a seu governo acusando-os de alguma coisa, ou de uma série de adjetivos depreciativos, injuriadores, caluniadores e difamadores, esforçando-se obstinadamente para arraigar em seus telespectadores, ouvintes e leitores o mesmo ódio e os mesmos valores e anseios que possuem, próprios de elites econômicas nacionais e transnacionais, muitos dos quais disfarçados de apego à democracia e a uma liberdade não devidamente definida e exposta.

Recentemente até mesmo uma emissora de televisão pertencente a uma fundação e que se pretende "pública" qualificou o sistema previdenciário venezuelano como o que menos abrangente em termos de proteção social, ao mesmo tempo em que alertava para o que colocaram como um problema sem solução, qual seja, o da futura inviabilidade do sistema previdenciário público e cujo modelo é de partição em razão da “aposentadoria precoce” e do escasseamento de contribuintes por causa  da dimunuição da taxa de natalidade, e igualmente da chamada população economicamente ativa.

Descaradamente, quase que sequencialmente a referida emissora tentou explicar e racionalizar os motivos pelos quais a previdência pública e em sistema de repartição é inviável, mal explanando sobre como são os sistemas de previdência de outros países tais como Estados Unidos, Alemanha e França, e sugerindo claramente que os contribuintes mais jovens - e, por extensão, aqueles que não são tão jovens e para os quais faltam muitos anos para aposentar-se - que recorram à previdência privada regida pelo sistema de capitalização.

As razões expostas são apenas algumas que inspiram o ódio das elites econômicas nacionais e transnacionais e parte da elite intelectual a Chavez. Estas aspiram o retorno ou (no caso dos países em que esta ideologia já foi aplicada em alguma medida) o aprofundamento da ideologia neoliberal na própria Venezuela e nos demais países latino-americanos que de algum modo na a implementaram na íntegra, que no mundo real se transforma em um sistema de reformas econôminas (ditas também estruturais) sem fim para beneficiar as elites citadas.
 

Leiam, por favor, na íntegra com atenção e reflexão o muito bom texto de Ignácio Ramonet intitulado “O porquê do ódio a Chavez”, publicado no sítio Outras Palavras, e que serviu de base para o pequeno texto supra. Quem preferir localizar o link para matéria usando algum sistema de busca, faça-o com usando as palavras-chave contidas no link abaixo e seguidas de Ignácio Ramonet.


O porquê do ódio a Chavez - escrito por Ignácio Ramonet

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Alexis Tsipras e a destruição da Grécia

É muito decepcionante e triste que a maioria das pessoas pobres e de classe média gregas tenha que experimentar o sofrimento que estão experimentando, guiada por governos favoráveis à elite econômica nacional e transnacional e à ideologia da transformação do ser humano em lixo ambulante não-reciclável para somente a partir do aumento da miséria e da pobreza, impostos pela União Europeia, Banco Central Europeu e FMI, ir às ruas manifestar sua revolta e indignação, e passar a votar em um partido verdadeiramente (pelo menos até o momento) socialista e de esquerda, tal como parece ser o caso do Syriza.
 
Mais decepcionante ainda é imaginar que entre as duas classes mencionadas haja pessoas que escolheram os representantes do partido Nova Democracia mesmo tendo conhecimento de que estes pretendem seguir a cartilha exigida pelas três instituições mencionadas e por sua própria elite econômica.
 
Convém esclarecer que o adjetivo “socialista” mencionado não se relaciona com o que vem sendo usado pelo partido que usa esse adjetivo na própria Grécia mas não passa de um partido traidor do que se conhece por socialismo. Aliás, tal como já foi escrito em outro artigo neste blogue, o próprio adjetivo socialdemocrata é inaceitável para partidos que o adotam e seu nome e tenham se rendido e às teses próprias do capitalismo neoliberal em seu próprio país e em outros países do próprio continente e do mundo.
 
Também é útil alertar que muitos ventríloquos ou sapientes arrogantes e calculistas reacionários tenderão a justificar a tragédia que se está impondo a maioria dos gregos por meio da tese da chamada “destruição criativa”, de Schumpeter, disseminando a expectativa de que tais sacrifícios são essenciais para a construção de um futuro melhor para as próximas gerações gregas. Ingênuos e resignados, mas também sapientes reacionários da pior espécie tenderão a crer em tal tese sem ter consciência, no caso dos primeiros, ou com plena consciência, no caso dos segundos, de que tal caminho levará a maior parte dos gregos à miséria e a pobreza, e apenas uma elite econômica nacional e transnacional continuará intocável e cada vez mais rica.

Abaixo, entre aspas e em itálico, alguns trechos da entrevista de Alexis Tsipras.

A Grécia se converteu em um experimento ultra-liberal, em um porquinho da índia. Aqui se colocou à prova a política do choque para logo em seguida ampliá-la para o resto da Europa. Mas temos a reação da sociedade. As pessoas já não têm a vida cotidiana que tinham antes e são essas mesmas pessoas que reagiram para que as coisas mudassem. Com sua mobilização a sociedade ameaçou as elites de nosso país. Isso significa que estamos mudando a correlação de forças mediante o comportamento crítico das massas”.

A política de choque liberal implementada na Argentina nos anos 90 sob as ordens do FMI também foi aplicada aqui. Estamos neste processo, lento mas destrutivo, um processo que se comporta de forma muito violenta contra os povos e os marginalizados: planos de ajuste, ataque contra os salários, desemprego”.

... há algo que deve ser dito claramente: o neonazismo e a Aurora Dourada não são uma força anti-sistema. Não, trata-se de uma força do sistema dentro do sistema. É o braço mais forte do sistema que será utilizado se ele se sentir em perigo. O único perigo para nosso país são as políticas neoliberais, a troika (FMI, Banco Central Europeu e União Europeia) e o movimento neonazista, que é um aliado deles para seguir neste caminho”.

Na Grécia, o partido que representa a social democracia, o PASOK, não se diferencia em nada da direita. É uma cópia. Por isso nossa esquerda pode se converter em um polo de alianças com autêntica base social e popular”.

 
Leiam, por favor, na íntegra e com atenção e reflexão o muito bom texto de Eduardo Febbro, bem como a entrevista de Alexis Tsipras, líder do partido de esquerda grego Syriza, intitulado “Elites europeias estão causando retrocesso de décadas”. Quem preferir encontrar o texto usando algum sistema de busca, faça-o com usando as palavras-chave contidas no link abaixo seguidas de Eduardo Febbro e Carta Maior.

 
Elites europeias estão causando retrocesso de décadas
 

domingo, 9 de setembro de 2012

Auschwitz sem cercas

Estão livres, mas, ao mesmo tempo, estão aprisionados.
 
Estão livres, mas não para se alimentarem digna e adequamente quando estiverem com fome.
 
Estão livres, mas correm risco eminente de constarem entre as vítimas de todo tipo de violência, e de serem assassinados, pois não possuem a moeda dos incluídos para comprar, financiar ou alugar uma habitação digna na qual se sintam (e estejam de fato) protegidos.
 
Estão livres, mas não são nem serão atendidos por médicos muito bons em igualmente muito bons hospitais, pois estes são privilégios dos incluídos no sistema que exclui aos montes, e no mundo real nega o direito à vida à maioria dos que não conseguem pagar por uma assistência médica digna igual à oferecida aos mais ricos.
 
Estão livres, mas somente terão água tratada para beber e hieginizarem a si mesmos e suas residências se puderem pagar por esse serviço, e também pelo de coleta de esgotos, ambos privatizados sob o sistema neoliberal (capitalista selvagem). Se não puderem, estarão aprisionados em sua própria condição sub-humana, e serão como moradores de rua entre algumas paredes e uma cobertura.
 
Estão livres, mas não terão educação na quantidade e qualidade necessárias para uma melhor compreensão do mundo, nem para que esta os transforme em "capital humano", pois esta condição continuará sendo privilégio de poucos sob o sistema cujas características mais marcantes são a marginalização e a inutilização da maioria.
 
Estão livres, mas não para viver, pois para viver é necessário pagar, e para pagar é necessário ter renda, e para ter renda é necessário estar incluído, e para estar incluído é necessário ser parte da elite econômica, e para fazer parte desta é necessário estar e/ou ter potencialidade para estar empreendedor, cliente de alto poder aquisitivo, funcionário altamente especializado, artista ou atleta ímpar, ou ainda, capital humano dotado de qualidades ímpares para o sistema do capital.
 
Vêm a minha imaginação os rostos arrasados e os corpos esquálidos de judeus, ciganos, comunistas, socialistas, deficientes mentais, homossexuais e tantos outros, encarcerados e assassinados nos campos de extermínio nazistas, e brotam simultaneamente os rostos dos miseráveis das mais diversas cidades brasileiras (entre os quais constam os moradores e moradoras de rua), tratados com indiferença e desprezo pela maioria das pessoas que espelham o sistema neoliberal.

Esses miseráveis estão livres, mas, ao mesmo tempo, estão aprisionados.
 
Pois não há liberdade em um sistema onde os seres humanos não são livres para suprir-se do necessário para sua própria subsistência e dignidade.
 
 

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Haverá alguma saída?

Para o grande pensador Immanuel Wallerstein, talvez não haja saída alguma para a crise do sistema capitalista que se manifestou nos anos de 2007 e 2008 no sistema financeiro dos Estados Unidos da América, e se propagou para a Europa e outras regiões.Wallrestein cita especialistas até mesmo favoráveis ao sistema e outros autores não contemporâneos (Kondratieff, por exemplo)[1] , para embasar sua tese firmada nas contradições dos primeiros, e possível fragilidade das teses dos segundos.
 
Nos parágrafos que seguem transcrevi alguns trechos (em letra no formato itálico) de seu muito bom artigo publicado originalmente no muito bom sítio sinpermiso.info e transcrito para o igualmente muito bom sítio Carta Maior.
 
“De vez em quando, emerge um pouco de honestidade. Em 7/8, Andrew Ross Sorkin publicou um artigo no New York Times em que oferecia “uma explicação mais direta sobre por que os investidores deixaram as bolsas de valores: elas tornaram-se uma aposta perdedora. Há toda uma geração de investidores que nunca ganhou muito”. Três dias depois, James Mackintosh escreveu algo semelhante no Financial Times: “os economistas estão começando a admitir que a Grande Recessão atingiu permanentemente o crescimento… Os investidores estão mais pessimistas”. E, ainda mais importante, o New York Times publicou, em 14/8, reportagem sobre o custo crescente de negociações mais rápidas. Em meio ao artigo, podia-se ler: “[Os investidores] estão desconcertados por um mercado que não ofereceu quase retorno algum na última década, devido às bolhas especulativas e à instabilidade da economia global”.
 
“Lembremos que a taxa de retorno, no século passado, foi o dobro do aumento do PIB. Isso poderia se repetir? É difícil de imaginar – tanto para mim, quanto para a maior parte dos investidores potenciais no mercado. Isso gera as restrições com que nos deparamos todos os dias nos Estados Unidos, Europa e, breve, nas “economias emergentes”. O endividamento é alto demais para se sustentar”.
 
“Por isso, temos, por um lado, um apelo político poderoso à “austeridade”. Ela significa, na prática, eliminar direitos (como aposentadorias, qualidade da assistência médica, gastos com educação) e reduzir o papel dos governos na garantia de tais direitos. Porém, se a maioria das pessoas tiver menos, elas gastarão obviamente menos – e quem vende encontrará menos compradores – ou seja, menor demanda efetiva. Portanto, a produção será ainda menos lucrativa (reduzindo os ganhos com ações); e os governos, ainda mais pobres”.
 
“É um círculo vicioso e não há saída fácil aceitável. Pode significar que não há saída alguma. É algo que alguns de nós chamamos crise estrutural da economia-mundo capitalista. Produz flutuações caóticas (e selvagens) quando o sistema chega a encruzilhadas, e surgem lutas duríssimas sobre que sistema deveria substituir aquele sob o qual vivemos”.
 
 
Aos poucos que visitam e leem os posts deste blogue peço que acessem o link situado um pouco abaixo, ou, se preferirem, digitem em algum sistema de busca as palavras-chave "E se não houver saída alguma", seguidas de "Immanuel Wallerstein", e acessem o texto por esse meio.

E se não houver saída alguma?
 

Os links abaixo, acompanhados de números, remetem a sítios e textos para que o leitor compreenda melhor algumas citações de conceitos, nomes, fatos históricos e outros utilizadas no texto em parte transcrito, ou mesmo em alguns de meus comentários.