quinta-feira, 24 de setembro de 2009

As Três Grandes Ameaças

Com o extinção da U.R.S.S. (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) e a autonomia da maior parte dos países que em torno dela gravitavam, no início dos anos 1990, e com a crise do modelo de socialismo vigente nesta junção de países e no Leste europeu, o sistema neoliberal, que já vinha sendo implantado em alguns países, adquiriu muito mais força e passou a alastrar-se pelas mais diversas nações. Na seqüência da fragmentação da União Soviética e da crise do sistema nela vigente, começaram a ruir também os sistemas intermediários (as verdadeiras social-democracias mescladas com o ideário trabalhista) entre o sistema socialista e o capitalismo selvagem (o liberalismo aplicado no mundo real, mais conhecido como neoliberalismo) que ressurgia. No entanto, apesar da aparente impavidez do sistema capitalista neoliberal, surgem pelo menos três grandes possibilidades de sua extinção. Infelizmente, não apenas desse sistema, mas também da espécie humana.

A primeira maior ameaça que o neoliberalismo traz a si mesmo e à sobrevivência do ser humano, é aquela que vem como consequência de vários anos de destruição de diversos ecossistemas, e que pode gerar catástrofes ainda não adequadamente conhecidas quanto a seu tamanho e abrangência. Esta destruição parece ter-se intensificado a partir da chamada Revolução Industrial (aproximadamente a partir da segunda metade do século XVIII), quando passou-se a produzir em série de forma muito mais intensa do que aquela feita de modo artesanal, e a utilizar-se nesta produção diversos insumos altamente poluentes (o carvão mineral, os derivados do petróleo, entre outros). Além deste tipo de poluição, contribuiu e continua contribuindo para chegarmos ao ponto em que estamos a derrubada de diversas florestas nativas, tendo como conseqüência a extinção de diversas espécies animais e vegetais, e colaborando decisivamente para o aquecimento global.

A segunda maior ameaça à continuidade da espécie humana e, na esteira desta, ao próprio sistema neoliberal, poderá vir de dois dos subprodutos desse sistema, os quais certamente são rejeitados por seus defensores como sendo-lhes parte integrante: o imperialismo e a busca obsessiva por armas cada vez mais destruidoras, não apenas para a derrota de forças armadas de países rivais ou de sistemas que se lhe opõem, mas também como um empreendimento bastante rentável. Como prova disso, vide as indústrias armamentistas dos países imperialistas e implementadores do capitalismo selvagem e colonial, que se constituíram em um negócio lucrativo com suas vendas de armas para diversos países e grupos armados, sendo-lhes vedadas apenas comercializar as de alta tecnologia e ainda não descobertas ou pirateadas por países rivais. Pois, se assim não procedessem, poderiam estar contribuindo para a derrota e destruição dos próprios países onde estão na condição de matrizes. A combinação de ambos, imperialismo e comercialização de armas de alto poder destrutivo poderá resultar em conflitos devastadores e ceifadores de vidas não mais circunscritos a pequenos espaços geográficos, mas atingir grandes porções do Planeta e extinguir a própria espécie humana.


A terceira maior ameaça ao Homo sapiens e ao próprio sistema neoliberal consiste na deterioração das relações interpessoais associada à implementação e ao aprofundamento desse sistema em diversos países do mundo, tendo como alguns de seus resultados o aumento da violência, da marginalização dos que são excluídos pelo sistema, da indiferença e do desprezo ante os dramas (a miséria, a pobreza, entre outros) do chamado "próximo distante" (vide texto neste blog intitulado "A Diferença Fundamental"). A conseqüência dessa deterioração poderá resultar em uma série de conflitos, em diversos espaços do mundo, por motivos étnicos e religiosos, ou por fortes contrastes socioeconômicos entre classes em países de alta concentração de renda. Somar-se-iam a esses conflitos os assassinatos pelos mais diversos motivos, muitos dos quais fúteis e que guardam intensa relação com uma cultura na qual o ter se sobrepõe ao ser e à riqueza das relações e das construções humanas visando ao bem comum. Diversos estados de guerra internos causados por grupos étnicos e/ou religiosos separatistas, ou por situações de alta concentração de renda ameaçariam seriamente a sobrevivência da espécie humana a partir do instante em que as armas de destruição em massa referidas em parágrafo anterior passassem às mãos desses grupos de forma descontrolada e jamais vista.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Não haverá assistência à saúde

Os sinais vindos dos Estados Unidos nos mostram, até aqui, que uma parcela significativa dos norte-americanos não tolerará um sistema público de assistência à saúde. As últimas notícias nos dão conta da grande dificuldade por que passa o presidente Barack Obama e os que o apoiam em seus esforços para aprovar a implementação desse sistema naquele país.

Nos Estados Unidos não existe um sistema de saúde público tal como no Brasil. Por lá, segundo o que consta em diversas fontes, somente uma parte dos norte-americanos detém o direito de ter seus gastos com consultas, exames e cirurgias pagas – em parte ou na totalidade - pelo Estado através de suas filiações a um entre dois sistemas conhecidos por aqui pelas siglas Medicaid e Medicare, ou possuem seguros de saúde pagos (em parte ou na totalidade) pelas empresas para as quais trabalham.

O Medicaid é um programa de saúde do governo federal norte-americano destinado aos mais pobres, e o Medicare visa a atender esse mesmo grupo com idade a partir de 65 anos. No entanto, conforme já mencionado, ambos os programas são fortemente restritivos, não abarcando grande número de pessoas pobres nem tampouco oferecendo todo e qualquer tipo de assistência à saúde.

Assim sendo, predomina nos EUA um sistema de assistência à saúde essencialmente privado ao qual apenas os que podem pagar por ele ou trabalham para empresas que os pagam - em parte ou integralmente -para seus funcionários têm acesso. Os demais estão dependentes de que sejam admitidos em um dos dois sistemas de saúde governamentais fortemente restritivos, e que isso aconteça a tempo de suas doenças serem diagnosticadas e adequadamente tratadas. Ou, mais humilhante ainda, dependem de que entidades filantrópicas no campo da assistência à saúde os admitam em seus consultórios e hospitais e lhes assistam adequada e dignamente.

Como se não bastasse o exposto, há um grande número de norte-americanos empenhados obstinadamente em barrar o projeto de Barack Obama que tem por finalidade ampliar e melhorar o sistema público de assistência à saúde norte-americano. Estes, se se manifestam como pertencentes, eleitores e/ou simpatizantes do partido Democrata, provavelmente o são da ala liberal-conservadora desse partido – liberal não no sentido que os norte-americanos dão a esse termo, mas no do Brasil, no sentido da defesa do Estado mínimo nas áreas da assistência social, previdência e outras que a elite econômica quer privatizar ou terceirizar - , a mesma que pouco se diferencia dos adeptos das teses dos chamados falcões republicanos.

De tudo o exposto até aqui, nota-se uma muito provável manutenção das teses do partido Republicano em um governo que se pretendia de feições Democrata. Arrefece-se, com isso, a esperança de muitos de que Barack Obama seria de fato um divisor de águas no governo dos EUA.



Quem tiver tempo e disposição para a leitura de textos sobre o tema, acesse os links abaixo

Obama planeja aprovar reforma do sistema de saúde