domingo, 12 de fevereiro de 2012

Abertura econômica e desindustrialização 1

O Brasil iniciou um processo de desindustrialização de sua economia desde o momento em que ingressou no jogo de cartas marcadas da mundialização financeira e econômica (mais conhecida como globalização), por volta do ínicio dos anos 1990, patrocinados pelos poderosos países do Ocidente e do Oriente, bem como por instituições ditas multilaterais tais como o FMI, o Banco Mundial e a Organização Mundial de Comércio (antigo GATT, sigla em inglês que significa Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio).

É a este período também que se associa o início da implantação do neoliberalismo econômico (o liberalismo econômico aplicado no mundo real) no Brasil, apesar de que este sistema tenha aportado por aqui um pouco antes, do ponto de vista retórico, com Roberto Campos e seus escritos em diversos veículos de comunicação, e com Maílson da Nóbrega e suas condenações à Constituição de 1988, vocalizadas por ele próprio e pelo presidente José Sarney, que dizia que tal Constituição faria com que o Brasil se tornasse "ingovernável".

Desde o início da mundialização financeira e econômica, a principal preocupação dos governos do outrora chamando "Primeiro Mundo" foi e continua sendo o favorecimento de sua elite econômica, através do apoio a grandes e médios empreendedores nacionais e transnacionais e suas empresas, e igualmente de seus bancos e instituições financeiras, e através de reformas estruturais (privatizações de empresas estatais, concessão de serviços públicos estratégicos e/ou essenciais à iniciativa privada nacional e transnacional, abertura econômica e financeira, desregulamentação do mercado de trabalho, privatização do sistema previdenciário, extinção de auxílios e assistências dadas pelo Estado aos mais pobres etc) impostas por instituições como o FMI, o Banco Mundial e a Organização Mundial de Comércio, entre outros, principalmente a países subdesenvolvidos e "emergentes", mas executadas também em alguns dos próprios países de "Primeiro Mundo".

Com sua arrogância característica e apoiado por tecnocratas e membros da elite econômica sedentos por transpor para as terras brasileiras as reformas estruturais (neoliberais), Fernando Collor de Mello, presidente da República Federativa do Brasil no início dos anos 1990 até 1992 (foi neste último que se lhe impuseram um "impeachment"), não hesitou em iniciar um processo de redução de alíquotas e outros impecilhos às importações de diversos produtos, desprezando os efeitos de tais medidas em diversos setores industriais situados em território brasileiro e intensivos em trabalho humano, e considerando apenas os efeitos em termos da diminuição da intensidade e periodicidade nos reajustes dos diversos preços de produtos expostos à concorrência dos produtos estrangeiros (o combate à inflação), que tenderia a lhe dar prestígio junto aos mais pobres, e a pelo menos parte das classes médias e dos mais ricos alinhados ao governo ideologicamente, apesar do confisco dos recursos financeiros no início do governo Collor.

Ocorre que a inflação, que em um primeiro momento foi reduzida pelo governo Collor por esta e outras medidas econômicas (o confisco das poupanças a partir de um certo valor, por exemplo) não era e não é o único flagelo a que estão expostos os que dependem do trabalho para a subsistência, mas sim, de igual forma, o desemprego, o subemprego e as condições precárias e até subumanas a que são submetidos os trabalhadores e trabalhadoras no exercício de suas funções.

A abertura econômica promovida pelo governo Collor sem os devidos cuidados requeridos para não impor a falência de milhares de empresas de capital nacional intensivas ou mesmo semi-intensivas em trabalho humano, gerando a perda de emprego de milhões de dependentes do trabalho para a subsistência, ou mesmo de empresas brasileiras a caminho de se intensificarem em termos tecnológicos e estarem mais aptas a enfrentar a concorrência com os produtos estrangeiros importados, representou o firmamento de um dos pilares da implantação do neoliberalismo no Brasil, sendo alguns dos outros o aumento das taxas de juros por parte do Banco Central, a pretexto de igualmente se combater a inflação, o início do processo de privatização de empresas estatais (continuado por Itamar Franco e Fernando Henrique, principalmente) e a desregulamentação da economia e do sistema financeiro em diversos aspectos.



Alguns textos existentes na própria Internet




Alguns vídeos sobre o tema

1) A abertura econômica do início dos anos 1990 - Prof. Bernardo Padula





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