sábado, 23 de junho de 2012

Adjetivos adulterados

É revoltante que um partido grego faça uso do adjetivo "socialista" e outros associados e apoie as medidas econômicas antissociais recomendadas pelo FMI, Comissão Europeia e Banco Central europeu para a Grécia. Até mesmo os adjetivos "social-democrata", existente em alguns países europeus (Portugal, por exemplo), e "trabalhista" (Inglaterra, por exemplo) são inaceitáveis para partidos que concordem com tais medidas, uma vez que estes estiveram associados à construção do chamado Estado de bem-estar social que se propagou por diversos países europeus após a Segunda Guerra Mundial, e que desde o governo neoliberal de Margareth Thatcher, a partir de 1979, na Inglaterra, vem sendo destruído pouco a pouco.

Na mesma linha de raciocínio, o adjetivo "radical", se colocado por defensores de tais medidas econômicas, os quais fazem parte da elite econômica "nacional" e transnacional, não tem sentido ser aplicado à coalizão de esquerda Syriza, pois radicais são as medidas econômicas impostas pela Troika (Comissão Europeia, FMI e Banco Central europeu), e não a oposição a essas medidas.

Não nos esqueçamos de que no sistema eleitoral grego ganha um número significativo de cadeiras (cinquenta) o partido mais votado em termos percentuais, o que distorce e adultera a democracia na terra em que se acredita que ela foi criada há milhares de anos.

Fiz uma leitura do artigo muito bom intitulado "Nova correlação de forças na Grécia é inédita na Europa", escrito por Eduardo Febbro, e recomendo a todos que tenham tempo e disposição para lê-lo que o façam com atenção e reflexão.



Nova correlação de forças na Grécia é inédita na Europa

Candidato de direita vence eleições na Grécia e tranquiliza a Europa


2 comentários:

Marc Granadoelo disse...

É a mesma lógica distorcida aplicada por um partido dito de esquerda, bem conhecido nosso, que optou por adotar a ideologia da direita. Mas o mundo gira, e num giro desses... alguma coisa acontece. Um grande abraço Francesco!

Francisco de la Cruz disse...

Sua indignação se soma a minha, Marcelo. Obrigado pelo apoio e comentário.