sábado, 27 de março de 2010

Privatização e internacionalização do setor elétrico

Pouca coisa foi "reestatizada" sob o governo de Luís Inácio Lula da Silva, contrariando parte significativa de seus eleitores, de tal forma que se houver um retorno do PSDB e de seus aliados ao governo após as eleições de 2010, estes provavelmente irão aprofundar ainda mais o processo de privatização mais do que "reprivatizar" o pouco que foi - se é que podemos dizer que o foi - reestatizado sob o governo Lula através das compras de ações efetuadas pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social pertencente ao governo federal). 

A despeito das compras de ações do BNDES, tornando o governo federal partícipe em uma série de empresas estratégicas, o Estado não retornou ao seu antigo desenho anterior às privatizações feitas sob os governos Collor, Itamar e Fernando Henrique,  e o governo Lula contrariou o antigo discurso de seu principal partido apoiador, o PT, ao conceder por longos anos algumas estradas federais ao setor privado e apoiar a privatização de alguns bancos estaduais (os do Maranhão e Ceará), só para citar duas formas de privatização adotadas por esse governo.

Para piorar, agora, ao fim de seu segundo mandato, pode até vender a maior parte das ações da Eletropaulo à empresa norte-americana AES, a mesma para a qual o BNDES emprestou dinheiro para que a referida empresa transnacional adquirisse a maior parte das ações da distribuidora paulista de energia elétrica, a Eletropaulo, quando da privatização desta pelo governo peessedebista de Mário Covas em conluio com o de Fernando Henrique Cardoso. Espero sinceramente que isso não aconteça, não sob esta fase final do governo Lula, nem sob um eventual governo de Dilma Roussef.

Uma outra possibilidade é o governo de Luís Inácio Lula da Silva subsidiar, através de empréstimos do BNDES, alguns fundos de pensão e grandes empresas até o momento "nacionais" - a Camargo Correa, por exemplo - para adquirirem a maior parte das ações de geradoras e distribuidoras de energia elétrica - aqui entraria a Eletropaulo, entre outras -, mas tal operação encontraria forte obstáculo na recusa de a empresa norte-americana AES concordar em vender suas ações da Eletropaulo para o citado grupo, dito nacional.

Para quem vê nestes escritos coisa de "radical de esquerda inventando fatos", vide matéria sobre a intenção do BNDES - banco federal estatal -, através do BNDESpar, de vender a parte de ações que detém da Eletropaulo para a norte-americana AES - vide site do Portal Exame acessando um dos links ao final do texto-, ou a de fomentar fundos de pensão e alguma grande empresa nacional - pelo menos enquanto não for incorporada por alguma grande empresa transnacional - para comprá-las.

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