terça-feira, 1 de novembro de 2011

Grécia, entre o inferno e o purgatório

Os governos mais poderosos da Europa e do mundo, apoiados pelas elites econômicas "nacional" e transnacional, continuarão a impor duros golpes aos que dependem do trabalho para sobreviver, bem como aos mais pobres e miseráveis, através de medidas econômicas que nada mais fazem do que extrair destes seus empregos e grande parte de suas aposentadorias e pensões, além de "flexibilizar", precarizar e subumanizar ainda mais as relações entre os detentores de capital e os necessitam do trabalho para sobreviver.


Não obstante tais medidas, se ainda existir, ou seja, se ainda não tiver sido suprimida ou fortemente restringida a poucas pessoas pela avalanche de medidas neoliberais implantadas desde o início dos anos 1980 até os dias de hoje, suprimir-se-ão os diversos tipos de renda mínima destinada aos pobres e miseráveis, bem como os sistemas de assistência médica e seguro-desemprego públicos.

A Grécia é o principal laboratório da vez, tal como o foi, por longos anos, o Chile sob a ditadura de Augusto Pinochet. Aderiu ao euro (moeda comum a diversos países europeus) no ano de 2001, vindo a somar-se a Alemanha, França, Itália, Espanha, Holanda, Bélgica, Portugal, Irlanda, Finlândia, Luxemburgo, Austria e outros, tendo de adequar os números macroeconômicos de sua economia às condições exigidas para a adesão ao euro, os quais mais de um governante e diversos tecnocratas europeus e de outros continentes já disseram terem sidos forjados para que fosse admitida.

Tendo havido um colapso do sistema financeiro mundial que se iniciou em 2007, nos EUA, fruto de mais um esgotamento de engenharia financeira com o intuito de construir riqueza a partir de expectativas, e que forçou muitos governos a socorrer seus bancos e instituições financeiras, agravando ainda mais o chamado deficit público de diversos países, entre os quais constam a própria Grécia, essas mesmas instituições financeiras beneficiadas por injeções de dinheiro governamental passaram a exigir, de diversos países europeus com grande percentual de deficit público comparado ao PIB, a diminuição desse percentual e uma maior taxa de juros para aceitarem títulos públicos desses governos. E quanto maior fosse o prazo do resgate desses títulos por parte de bancos e investidores, maiores as taxas de juros exigidas por estes.


Agravadas as condições das contas públicas do governo grego contabilizadas em euro, uma moeda da qual a Grécia não tem controle, impõe-se a este país, pela chamada Troika (Constituída pelo Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e União Europeia), um ajuste econômico semelhante ao que a elite econômica argentina em conluio com as elites transnacionais tentaram impor àquele país no início dos anos 2000: a diminuição, terceirização ou privatização ainda maior do Estado nas áreas voltadas para a proteção à vida e dignidade humanas (previdência, assistência médica e social, seguro-desemprego, auxílio aos doentes e desvalidos, amparo e proteção contra acidentes e doenças originadas das atividades laborais, entre outras próprias do Estado de bem-estar social) e também ao desenvolvimento humano (educação infantil, fundamental, intermediária e superior), e seu fortalecimento como instituição destinada à transferir renda e riqueza dos mais pobres para os detentores de títulos púbicos e para os detentores de capital (empresários, banqueiros, investidores, agroindustriais, altos tecnocratas a serviço dessa elite, entre outros) do próprio país e do estrangeiro.

Transformar-se-á esse país, portanto, caso permaneça no caminho trilhado pela Troika (Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e União Europeia), em um protetorado dos países mais poderosos da zona do euro (Alemanha e França, entre outros) e sem moeda própria, um país mais subdesenvolvido do que se tivesse se mantido independente e subdesenvolvido dentro do próprio continente europeu, com sua própria moeda, e sem a intensidade dos sacrifícios que se exigem das camadas pobres e médias de seu população por parte das elites econômicas transnacional e de seu próprio país.


A maior parte do povo grego vir-se-á saída de um sonho de integrar-se aos países desenvolvidos europeus, iludida por dinheiro fictício vindo de banqueiros e investidores mais ricos e poderosos da Europa, para o pesadelo de ver-se como um país com grande parte de sua população desempregada, subempregada, empobrecida e abandonada à própria sorte dentro do próprio continente europeu.


A outra alternativa que existe, apesar de a mídia neoliberal repetir exaustivamente o "There is not alternative", é a Grécia manter-se no campo dos "países subdesenvolvidos" e abandonar definitivamente o Euro, mesmo que isso signifique um certo período de dificuldades, em vez de querer figurar entre os aparentemente desenvolvidos ou "emergentes", tendo como imposição da Troika alienar grande parte de suas riquezas (através das privatizações, terceirizações e concessões) para a mesmas elites econômicas "nacional" e transnacional que já se beneficiam dela, e extrair milhares e milhões de empregos dos setores público e privado transferindo-os para os lucros de bancos, empresas e investidores.





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