sábado, 26 de novembro de 2011

O sistema neoliberal prefere os gerentes

O poderoso grupo Abril, que publica, entre outras publicações, a revista Veja, parece manifestar-se favoravelmente à colocação de "gerentes" (managers) eleitos indiretamente por parlamentos representativos fundamentalmente da vontade dos chamados rentistas (acionistas de grandes e médias empresas "nacionais" e transnacionais, investidores, banqueiros, agroindustriais, especuladores e outros associados ao sistema financeiro mundial)  e completamente indiferentes ao clamor dos que necessitam do trabalho para a subsistência, bem como dos aposentados, pensionistas, pobres, miseráveis e desvalidos.

Pois é com formação intelectual favorável ao liberalismo aplicado ao mundo real  (o neoliberalismo) e influência de pensadores tais quais Milton Friedman e Friedrich August von Hayek, entre outros expoentes dessa ideologia, bem como com a defesa de sistemas pseudodemocráticos e com o apoio de veículos de comunicação coniventes com tudo isso que a elite econômica “nacional” e transnacional vai aplicando suas reformas antissociais que não têm fim, minimizando o Estado nas áreas essenciais à vida e à dignidade dos que dependem do trabalho para sobreviver, dos aposentados, dos pensionistas, dos pobres e miseráveis deste e de muitos outros países do mundo.

De posse dessa obstinação, esses gerentes eleitos por sistemas pouco representativos ou completamente divorciados dos anseios da maioria vão impondo, com o aval de diversos organismos multilaterais (o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial, a Organização Mundial de Comércio e tantos outros), medidas que privatizam as mais diversas empresas e instituições estratégicas e/ou essenciais (os sistemas de fornecimento de água e coleta de esgotos e os de energia, só para citar dois exemplos)  ou privatizam e/ou terceirizam serviços essenciais à vida e à dignidade humanas (assistência à saúde, previdência e assistência social, entre outras), bem como as de formação educacional (os ensinos fundamental, médio e superior) e cultural humanas.

Os exemplos de tais gerentes que contentam os mercados não se restringem às imposições recentes, por parte do FMI, do Banco Central Europeu e da Comunidade Europeia de seus representantes para gerir as contas de Grécia e Itália aplicando-lhes cortes nas áreas sociais, no emprego do funcionalismo e nas leis que protejam minimamente os empregados do setor privado, mas vão além quando retornamos algumas décadas na História e constatamos que o golpista e ditador criminoso Augusto Pinochet fez perfeitamente as vezes de tal gerente com o auxílio de déspotas esclarecidos formados na Universidade de Chicago, que o sistema eleitoral inglês, do tipo majoritário, favoreceu a formação de maioria, por parte do Partido Conservador, e a consequente eleição de Margareth Thatcher como primeira-ministra, e algo semelhante ocorreu com igualmente sistema eleitoral  majoritário e pouco representativo norte-americano nas eleições presidenciais do ano de 2000, quando aclamaram  George Walker Bush presidente da república daquele país, sendo que o registro e a contagem dos votos dos eleitores do estado da Flórida foram fraudados de forma a favorecer o referido candidato em disputa com o candidato democrata Al Gore.

Veículos de comunicação muito poderosos tais quais o grupo Abril, as organizações Globo e os que são responsáveis pelos jornais O Estado de São Paulo e Folha de São Paulo, entre outros, expõem a sua raiva e indignação quando governantes dito “populistas” promovem plebiscitos, referendos e, de posse de maioria parlamentar eleita legitimamente, alteram cláusulas constitucionais favoráveis à elite econômica "nacional" e transnacional de forma a retirar-lhes um pouco de seu poder e de sua imensa renda e riqueza, transferindo-os para os mais pobres e para a classe média empobrecida, ou quando estendem seus mandatos apoiados por tais mecanismos democráticos, mas apóiam iniciativas que entronizam "gerentes", mesmo que não referendados por eleições legítimas e representativas da vontade da maioria, e que implementam reformas neoliberais e planos de austeridade para o seu próprio enriquecimento à custa da desgraça dos dois últimos grupos citados.


E é contra essas últimas ações que por diversas partes do mundo, desde a cidade do Cairo até Barcelona, Madrid, Atenas e New York, parte dessa maioria se expressa clamando por democracia real.

Para inteirar-se mais e melhor sobre o tema abordado no texto supra, acesse os links abaixo ou digite em algum sistema de busca as palavras-chave constituídas pelos títulos abaixo.

1) Itália precisa de mais gerentes e menos políticos - 08.11.2011

2) Europa enfrenta pior crise desde a Segunda Guerra, diz Angela Merkel - 14/11/2011
"... o Fundo Monetário Internacional (FMI) e os líderes europeus manterão Papademos sob pressão para implementar reformas radicais."


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